
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na terça-feira (4) a imposição de tarifas abrangentes sobre produtos importados do Canadá, México e China, os três maiores parceiros comerciais do país. Segundo o republicano, a medida visa fortalecer o mercado interno, mas especialistas alertam que os consumidores sentirão os impactos rapidamente, com aumentos nos preços de carros, alimentos, gasolina e outros itens essenciais.
Os americanos já enfrentam a alta da inflação há anos, e economistas preveem que a nova política tarifária resultará em um aumento expressivo no custo de vida nos próximos dias. Pesquisas sobre o sentimento do consumidor indicam que a população dos EUA está mais pessimista em relação às finanças e à inflação do que há alguns meses.
De acordo com a InMarket, empresa que rastreia os hábitos de consumo, os americanos já estão mudando seus padrões de compra, optando por marcas mais baratas e pesquisando preços em várias lojas para encontrar melhores ofertas. Até mesmo consumidores de renda mais alta estão priorizando itens mais acessíveis, como água engarrafada, vegetais congelados, aves, ovos e queijos.
Embora as tarifas sobre produtos chineses durante o primeiro mandato de Trump não tenham causado um grande impacto na economia americana, economistas alertam que, desta vez, as consequências serão mais severas. As novas taxas de 25% sobre importações do Canadá e do México e de 10% sobre produtos chineses podem gerar fortes retaliações de parceiros comerciais tradicionais.
O CEO da Target, Brian Cornell, destacou que os consumidores perceberão os aumentos de preços em poucos dias, especialmente em produtos naturais como morangos, bananas e abacates, que dependem das importações do México.

“Essas são cadeias de suprimentos realmente curtas, e dependemos do México durante o inverno para frutas e vegetais”, afirmou Cornell à CNBC.
Desde 2020, os preços dos alimentos nos EUA subiram 28%, e o índice saltou 0,5% entre dezembro e janeiro, registrando o maior aumento mensal em mais de dois anos.
O preço do gás também deve subir entre 20 e 40 centavos por galão na Nova Inglaterra (Maine, Vermont, New Hampshire, Massachusetts, Connecticut e Rhode Island), região que depende de refinarias canadenses para gasolina, diesel e óleo de aquecimento, segundo Patrick De Haan, chefe de análise de petróleo da GasBuddy.
Varejistas americanos já alertam que os preços de eletrodomésticos, vestuário e outros bens também devem subir, pois muitas matérias-primas vêm da China. Além disso, as novas tarifas afetarão o setor automotivo, aumentando os preços de carros novos, já comercializados a valores próximos de recordes históricos.
A General Motors, maior montadora dos EUA, será uma das empresas mais afetadas, pois cerca de 40% dos veículos que fabricou na América do Norte no último ano vieram de suas unidades no Canadá e no México.