A entrada de mercadorias estrangeiras no território norte-americano sofreu uma contração recorde em abril, registrando o maior recuo desde que os dados começaram a ser compilados, em 1992. A queda de quase 20% nas importações é efeito direto da política protecionista implementada pelo presidente Donald Trump.

Divulgados nesta sexta-feira 30 pelo Departamento do Censo, os dados mostram que as compras externas dos Estados Unidos somaram 276,1 bilhões de dólares (cerca de 1,5 trilhão de reais) em abril. Percentualmente, a caída é de 19,8% na comparação com o montante importado em março, mês anterior ao anúncio do ‘tarifaço’ do governo republicano.

Os números de março também fugiram à normalidade, já que empresas norte-americanas, cientes da iminente escalada na guerra tarifária, aceleraram as compras de produtos fabricados fora dos EUA.

O arrefecimento nas compras não é um fenômeno isolado, sendo mais uma página do turbulento capítulo que a economia dos EUA, sob a batuta do governo Trump, vive. Nesse quadro, o  Escritório de Análise Econômica também mostrou uma queda no consumo doméstico, que avançou apenas 0,2% em abril. Sozinho, esse indicador representa mais de dois terços de toda a atividade econômica dos EUA.

Seria inevitável, assim, a queda no Produto Interno Bruto (PIB) da principal economia do mundo. Trump tenta convencer a população de que a turbulência é momentânea, mas tem que lidar com o fato de que a economia do país caiu 0,2% no primeiro trimestre de 2025, depois do número ter sido revisado. Esse é o primeiro resultado negativo desde 2022.

Setores em queda

Os efeitos da política protecionista da Casa Branca incidem sobre toda a economia dos EUA, mas há setores que sentem a mudança de maneira mais aguda. Os bens de consumo, por exemplo, despencaram 32% em abril, totalizando 69,6 bilhões de dólares (cerca de 400 bilhões de reais) em abril. Um patamar de queda parecido foi registrado na compra de insumos industriais, cujo recuou foi de 31%, alcançando 51,8 bilhões de dólares (cerca de 297 bilhões de reais). No caso dos veículos automotivos, a queda de 19%, somando 33,6 bilhões de dólares (cerca de 192 bilhões de reais).

Tensão permanente

Apesar de Washington e Pequim terem negociado um acordo há duas semanas para atenuar as tarifas, mútuas as relações seguem deterioradas. Trump acusou a China de ter “”violado totalmente” o acordo, em publicação em sua rede social Truth Social nesta sexta-feira 30.

O republicano chegou a frear as tarifas recíprocas mais contundentes contra a maioria dos países, mas não há sinais de que o seu governo mudará o ímpeto de sustentar um muro tarifário. Algo já prometido e campanha e que, mesmo aos atropelos, a gestão Trump vem cumprindo.

Uma das consequências mais diretas dessa abordagem é o o risco de enfrentar o Judiciário norte-americano. Nesta semana, um tribunal de comércio dos EUA determinou que o pacote de tarifas do “dia da libertação” era inconstitucional. A decisão, porém, foi revertida no dia seguinte por uma corte de apelações.

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Last Update: 30/05/2025