
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta terça-feira (29) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não está “indisposto” a negociar diretamente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as tarifas anunciadas contra o Brasil. No entanto, qualquer conversa depende de uma sinalização do governo estadunidense.
“O presidente Trump já disse que não quer conversar agora. Uma conversa entre dois chefes de Estado demanda toda uma preparação, não é uma coisa tão simples. Mas é importante dizer que o presidente Lula nunca ficou indisposto a conversar”, disse a ministra após participar da abertura de uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, com representantes da União Europeia.
Durante o encontro, o presidente do Comitê Econômico e Social Europeu (CESE), Oliver Röpke, destacou a importância da aproximação entre o bloco europeu e o Brasil, especialmente no atual cenário geopolítico. Sem citar diretamente o aumento de tarifas imposto pelos EUA, Röpke classificou como “inaceitável” a “chantagem econômica” sofrida pelo país, demonstrando solidariedade ao governo brasileiro.

Gleisi reforçou que a situação torna ainda mais urgente a entrada em vigor do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, já anunciado, mas ainda pendente de ratificação. Segundo ela, o acordo tem relevância não apenas econômica, mas também política.
“Trata-se de uma iniciativa que ultrapassa os interesses comerciais: é também um compromisso político com valores democráticos, com padrões sustentáveis de produção e com a integração de regiões que historicamente mantêm laços de amizade e de colaboração”, afirmou a ministra.
Questionada sobre as tratativas lideradas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin para resolver a questão tarifária, Gleisi disse que ainda não há informações oficiais sobre possíveis progressos. Enquanto isso, uma comitiva de senadores brasileiros está em Washington para tentar mediar o diálogo com autoridades americanas.
A ministra também comentou as declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que afirmou que, “no que depender dele”, os parlamentares brasileiros não terão acesso a representantes dos EUA. Gleisi o chamou de “traíra” e defendeu que ele perca o mandato.