Cientistas políticos avaliam que o ataque tarifário dos EUA, ao mundo, visou, em última instância, mitigar ou reverter o processo de perda relativa da hegemonia americana.
O atual governo americano não admite a superação do mundo unipolar que vigorou desde o colapso da União Soviética, no início da década de 1990, até há pouco tempo. O mundo é outro, multipolar, com a transformação da China em uma grande potência econômica, militar e tecnológica, que se relaciona, especialmente com o sul global, de forma colaborativa, parceira, com reciprocidades, sem coerção; mas, claro, a partir dos seus interesses.
Além da China, temos a Índia em escalada impressionante em todas as áreas, em especial, na energia, e a Rússia que não tem a envergadura econômica desses outros países, mas além das riquezas naturais, capacidades tecnológicas, militar, e vastidão territorial, é a maior potência nuclear do planeta.
Na verdade, com o tarifaço, o tiro vem saindo pela culatra pois, desde então, ocorrem movimentos que aceleram o curso da história na geopolítica global.
A recente Cúpula de Xangai selou parceria estratégica irreversível entre China, índia e Rússia, que será extensiva ao BRICS. Em seguida, tivemos a reunião virtual dos líderes do BRICS articulada pelo presidente Lula. Alguém duvida da cooperação entre esses países para agilizar uma nova ordem mundial multipolar, menos assimétrica, mais amigável, cujas regras sejam respeitadas por todas as nações?
Ao admitir que perdeu a Rússia e a Índia para a China, Trump admitiu seu erro estratégico. Super Homem, e com o poder de mudar o curso da história, só na ficção! O “ataque tarifário” teve Brasil e Índia como os países mais afetados com tarifas de 50%. No caso brasileiro, o tarifaço entrou em vigor no dia 06 de agosto, e foi adotado, também, para atender interesses da extrema direita internacional. Isto, com a contribuição de brasileiros que deveriam perder a nacionalidade por traição à pátria.
Neste primeiro mês do tarifaço, as exportações brasileiras alcançaram 29.9 bilhões de dólares, ou 1.2 bilhão de dólares a mais que em agosto de 2024. No acumulado de janeiro a agosto da 2025, as vendas externas do Brasil somaram 227.6 bilhões de dólares contra 226.5 bilhões de dólares em igual período de 2024. Portanto, neste primeiro mês, o tarifaço não impactou na redução das nossas exportações.
Houve queda de 18.5% nas exportações para os EUA, em agosto, frente agosto de 2024. Em compensação, as exportações para a China cresceram 31%. Exportamos 9.5 bilhões de dólares para a China em agosto, e “apenas”2.8 bilhões para os EUA.
Tomemos os casos do café e carne bovina, as duas principais commodities alimentares afetadas pelo tarifaço, e concluímos que os grandes afetados foram os consumidores americanos. As exportações brasileiras de café e carne cresceram, respectivamente, 38.6%, e 34.3% de janeiro a agosto.
O tarifaço não abalou a solidez dos fundamentos da economia brasileira que mesmo com tarifaço e a estranha persistência dos juros básicos em níveis estratosféricos, apresentou a menor taxa de desemprego da história, em agosto.
A Bolsa vem batendo recordes, o dólar em queda, deflação em agosto, que no caso dos alimentos se repete pelo terceiro mês consecutivo.
Enfim, jamais ignoraríamos um mercado do tamanho e com a qualidade do mercado americano, mas o tarifaço não abalou significativamente a economia brasileira neste primeiro mês. Tivemos uma boa notícia, nesta semana: o governo Trump isentou totalmente de tarifa as vendas de celulose pelo Brasil que em 2024 somaram US$ 1.7 bilhão.
Na política, que no caso do Brasil, foi o alvo específico do tarifaço, acabamos de comemorar o vigor das nossas instituições democráticas com a condenação do núcleo crucial da tentativa de golpe. Nossa soberania, não poderia, e não foi violada!