Entrou em vigor nesta terça-feira (6) a sobretaxa imposta pelo governo norte-americano a produtos brasileiros. A medida, decretada por Donald Trump em 30 de julho, afeta mais de 3,8 mil itens e impõe uma tarifa adicional de até 50% sobre as exportações brasileiras, atingindo setores como o de carne bovina e café.
Segundo o decreto norte-americano, as tarifas passaram a valer à 0h01 do horário de verão da costa leste dos EUA — o que corresponde a 1h01 no horário de Brasília. A regra atinge mercadorias que embarcarem rumo aos EUA após esse horário. Estão isentos apenas os produtos embarcados até sete dias após o decreto, desde que entrem no território norte-americano até 5 de outubro. Mercadorias já armazenadas nos Estados Unidos também ficam livres da taxa se forem consumidas até essa data.
Dos 10% de tarifa já em vigor desde abril, somou-se agora um acréscimo de 40%, totalizando 50% de sobretaxa. Mesmo com algumas exceções — como suco de laranja, aviões, castanhas, gás natural e fertilizantes — o impacto será profundo, sobretudo porque os produtos isentos representam apenas 45% do total exportado para os EUA.
O setor de carne bovina já vinha sendo penalizado por uma tarifa de 26,4% desde janeiro e de 36,4% desde maio. Agora, com a nova medida, a carga tributária total pode ultrapassar 76%. “Compromete completamente a viabilidade econômica das exportações para os EUA”, afirmou a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes.
O café brasileiro também deve sofrer perdas. Atualmente, 30% das importações norte-americanas do produto vêm do Brasil. Como reação, a China habilitou imediatamente 183 exportadores brasileiros, em possível tentativa de compensar a perda do mercado dos EUA.
Apesar da ofensiva, o Brasil está hoje menos dependente dos EUA: em 2002, 25% das exportações iam para o país norte-americano; hoje são 12%. A China, por outro lado, já representa 28% das vendas externas brasileiras.
As tarifas são uma reação ao processo movido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro. “O tratamento dado ao ex-presidente Bolsonaro é uma vergonha internacional”, escreveu o republicano.