Decreto assinado por Trump definindo uma lista de quase 700 propostas, mas produtos estratégicos da pauta de exportação do Brasil para os EUA não foram poupados, como carne e café. Tarifa entra em vigor em 6 de agosto.
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos foi anunciada na quarta-feira (30/07) por Donald Trump deixou 694 produtos de fora, o que representa cerca de 43,4% do total exportado pelo Brasil para o mercado americano. A estimativa preliminar é da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham).
A entidade estima que os itens protegidos da tarifaço representem 18,4 bilhões de dólares – o total exportado pelo Brasil para os EUA em 2024 foi de 42,3 bilhões de dólares.
Na lista de abordagens, estão itens de peso da pauta comercial brasileira, como petróleo, combustíveis, suco e polpa de laranja, minerais, fertilizantes, motores, peças, componentes e aeronaves civis. No entanto, ficaram de fora produtos como café e carne bovina, que tiveram a taxação de 50% emitida no decreto assinado por Trump.
O Brasil é o maior exportador mundial de café, sendo os EUA o maior comprador. Em 2024, as exportações de café para os americanos foram de quase 2 bilhões de dólares (16,7% do total).
Alívio parcial
Apesar de lamentarem a medida, o governo e o setor produtivo brasileiro esperavam inicialmente um impacto maior do tarifaço – o maior entre os países que exportam para os EUA –, anunciado por Trump em 9 de julho.
“Embora essas propostas atenuem parcialmente os efeitos da tarifa de 50% anunciada, a Amcham reforça que ainda há um impacto expressivo sobre os setores estratégicos da economia brasileira. Os produtos que ficaram de fora da lista continuam sujeitos ao aumento tarifário, o que compromete a competitividade das empresas brasileiras e, possivelmente, das cadeias globais de valor”, afirmou a Amcham, em nota.
Entre os produtos fora do tarifaço que mais causam impacto no valor exportado são combustíveis, abrangendo 76 produtos, com 8,5 bilhões de dólares exportados em 2024. Em seguida, aparecem aeronaves, o que engloba 22 produtos e 2 bilhões de dólares em vendas ao mercado americano. Ferro e aço, com exportação de 1,8 bilhão de dólares, e pastas de madeira (celulose), com 1,7 bilhão de dólares, também são destaque na lista de abordagens.
De acordo com o texto, a medida, que passará a vigorar a partir de 6 de agosto, seria uma resposta às ações do governo brasileiro que, segundo a Casa Branca, são uma ameaça “incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
O comunicado volta a citar o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), acusando o governo brasileiro de cometer graves violações aos direitos humanos através de “perseguição, intimidação, assédio, censura e acusação politicamente motivada”.
“O presidente Trump tem reafirmado consistentemente seu compromisso de defender a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra ameaças estrangeiras, inclusive salvaguardando a liberdade de expressão, protegendo empresas americanas de censura coercitiva ilegal e responsabilizando violadores de direitos humanos por seu comportamento ilegal”, afirmou o decreto, que teve como base a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, de 1977.
Publicado originalmente pelo DW em 31/07/2025