Destacado como um assassino particularmente ativo dentro da Polícia Militar de São Paulo, o 2º tenente Ian Lopes de Lima, de 26 anos foi afastado das ruas e transferido para o setor administrativo do Comando de Policiamento de Área Metropolitano 10, na zona sul da capital. A medida foi tomada após o jornal direitista Metrópoles revelar que o oficial participou de sete homicídios em supostos tiroteios na zona sul da cidade em menos de um ano.
Em seu primeiro ano como oficial da Polícia Militar paulista, em 2024, Ian Lopes se tornou o policial com mais mortes na capital. Antes de ser retirado do policiamento ostensivo, o tenente ainda atuou em uma ocorrência, em 24 de março, onde, com outros dois PMs, abordou um carro com quatro suspeitos em Santo Amaro.
Os militares afirmaram à Polícia Civil que, ao emparelharem a viatura com o automóvel, os suspeitos teriam atirado contra eles. Ian então disparou quatro tiros com um fuzil calibre 7.62, arma usada em guerras, e um soldado atirou cinco vezes com uma pistola calibre .40.
Três ocupantes do carro foram atingidos e levados a hospitais, e o quarto suspeito foi detido. Dois dos ocupantes do carro, um no Hospital Saboya e outro no Hospital do Campo Limpo, morreram. Apenas um deles, Caio Gundin da Silva, de 24 anos, foi identificado.
Um levantamento inédito do Metrópoles mostra a dimensão da letalidade policial. Em 2024, 85 pessoas mortas pela PM na cidade de São Paulo não portavam arma de fogo no momento em que foram baleadas. No total, 246 pessoas foram mortas pela PM no ano. A corporação efetuou ao menos 459 disparos para matar essas 85 pessoas, uma média de 5,4 tiros por ocorrência.
Apesar da pouca experiência, o tenente Ian Lopes rapidamente ganhou a confiança de seus superiores. Em abril de 2024, quatro meses após se tornar oficial, ele já comandava o turno noturno do 37º Batalhão Metropolitano, na região do Capão Redondo, zona sul da capital.
A Polícia Militar afirmou em nota que “não tolera desvios de conduta” e que, desde o início da atual gestão, 463 policiais militares foram presos e 318 demitidos ou expulsos. A corporação garante que todas as mortes por policiais são investigadas com acompanhamento da Corregedoria e do Ministério Público, e que são instauradas comissões para identificar “não-conformidades”.
A nota também menciona investimentos em formação contínua e equipamentos de menor potencial ofensivo. Contudo, o problema da Polícia Militar é muito maior do que um matador isolado ou mesmo um grupo de psicopatas dentro da corporação. A Polícia Militar é uma organização criminosa, servindo como instrumento do terror da burguesia para reprimir os trabalhadores.
A simples transferência de um agente não resolve o problema que é a existência da organização. O Estado e seus aparatos repressivos não hesitam em usar a força letal contra a população, enquanto protegem os seus.
Para enfrentar essa violência, a população precisa do direito à autodefesa armada. É urgente a constituição de comitês de autodefesa armados, organizados pela própria população, para proteger seus interesses e repelir os ataques da polícia. A PM, em todas as instâncias policiais devem ser extinta para que os massacres acabem.