
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou nesta sexta-feira (30), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava triste, lamentando a derrota para o presidente Lula (PT), mas não cogitou um golpe de Estado.
“Jamais [tive conhecimento de intenções golpistas]. Nunca. Assim como nunca tinha acontecido no meu período de ministério. Nesse período em que estive com o presidente nessa reta final, nas visitas que fiz, ele jamais tocou nesse assunto e não mencionou qualquer tipo de ruptura. Encontrei um presidente triste, resignado. Esse assunto nunca veio à pauta”, disse.
Tarcísio foi indicado como testemunha de defesa por Bolsonaro na ação penal que analisa se houve uma tentativa de golpe de Estado envolvendo o ex-capitão e seus aliados.
O pupilo de Bolsonaro também disse que o ex-capitão “temia que o Brasil desandasse” com a posse de Lula. “O governo passou por uma grave crise. Era uma preocupação de que a coisa sempre desandasse, com o futuro do país. A gente conversava basicamente sobre isso”, contou o governador.
Ao ser questionado se considera que o ex-mandatário teve participação nos atos golpistas promovidos por bolsonaristas em 8 de janeiro, Tarcísio respondeu que o “presidente nem sequer estava no Brasil” na ocasião.
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O depoimento de Tarcísio nesta sexta-feira era considerado por aliados de Bolsonaro como “prova de fogo” e colocava sua fidelidade ao ex-presidente em jogo, já que o governador vinha adotando um tom moderado em relação aos ministros do STF, diferente da postura do ex-chefe do Executivo. No entanto, Bolsonaro já esperava que o governador iria reforçar que ele “não falou sobre ruptura” nos diálogos que tiveram.
A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal ouve hoje testemunhas indicadas exclusivamente pela defesa de Bolsonaro. Algumas testemunhas do ex-capitão já foram ouvidas, mas eram comuns a outros réus – como os comandantes das Forças Armadas e o ex-vice-presidente Hamilton Mourão.
Os testemunhos estão sendo feitos por videoconferência e apenas os advogados das partes têm recebido do relator, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorização para acompanhar em tempo real os atos.