
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desembarcou em Brasília nesta semana para articular a formação de uma maioria na Câmara dos Deputados em favor da anistia a Jair Bolsonaro. A movimentação ocorre em paralelo ao julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de comandar a trama golpista de 2022.
Segundo a coluna de Mônica Bergamo, a pressão recai sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que até agora havia evitado pautar o tema no plenário. Após reuniões com líderes partidários, Motta admitiu que já há maioria para votar a matéria.
O Centrão, reforçado por PP, União Brasil e Republicanos — que integram o governo paulista de Tarcísio —, passou a defender publicamente a apreciação da anistia. Apesar de reconhecer a pressão, Motta disse que pretende dialogar com o Senado e com o STF antes de definir os próximos passos.

A assessoria do presidente da Câmara informou que ainda não há data, relator ou texto final para a proposta. Mesmo assim, a articulação já gera reações entre aliados do presidente Lula e parlamentares do PT.
O líder da bancada petista, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que “um golpe está sendo arquitetado no parlamento no primeiro dia do julgamento de Bolsonaro”. Em vídeo divulgado após reunião com Motta e líderes do Centrão, ele disse que a movimentação representa um “desrespeito à Constituição”.
Lindbergh lembrou ainda que o STF já decidiu que crimes contra o Estado Democrático de Direito não são passíveis de anistia. Para o PT, a tentativa de votação representa um movimento para blindar Bolsonaro e aliados em meio ao julgamento histórico em curso no Supremo.