Neste domingo, 7 de setembro, Dia da Independência, o Brasil foi palco de manifestações em várias cidades. De um lado, trabalhadores e movimentos sociais ocuparam as ruas em defesa da soberania e da justiça social. Do outro, a extrema direita realizou atos transformados em verdadeiros palanques de submissão, pedindo anistia para golpistas e chegando a exibir um bandeirão dos Estados Unidos na Avenida Paulista. Foi nesse cenário que o governador Tarcísio de Freitas, o candidato do golpe, colocou-se ao lado dos que atacam a democracia e agem em servilismo político.
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O ataque ao STF
Diante de milhares de apoiadores, Tarcísio voltou a investir contra o STF. “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”, disse, incentivando os gritos de “anistia já” da plateia. O governador ainda pressionou o presidente da Câmara, Hugo Motta, a pautar um projeto de perdão a Bolsonaro e aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro.
As falas não passaram despercebidas. Para o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, Tarcísio cometeu um crime. “Um ataque frontal ao STF, que pode configurar coação no curso do processo, por tentativa de intimidar o ministro relator”, afirmou. “Tarcísio não age como governador, mas como advogado de Bolsonaro. Quem ataca ministros e defende anistia para conspiradores não luta por liberdade: legitima o crime, sabota a justiça e abre caminho para novos atentados contra a democracia”.
Caiu a máscara de “moderado” do Tarcísio. O que ele fez hoje na Paulista é CRIME ao tentar intimidar Alexandre de Moraes. Assumiu de vez discurso de extrema-direita de ataque às instituições por puro casuísmo eleitoral. Um irresponsável! pic.twitter.com/JKtkb6wiqJ
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) September 7, 2025
Gilmar Mendes reage
Horas depois da declaração de Tarcísio, o ministro Gilmar Mendes respondeu em tom firme nas redes sociais. “Não há no Brasil ‘ditadura da toga’, tampouco ministros agindo como tiranos. O STF tem cumprido seu papel de guardião da Constituição e do Estado de Direito, impedindo retrocessos e preservando as garantias fundamentais”, escreveu.
Mendes também lembrou que “o que o Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe que, ao longo de sua história, ameaçaram a democracia e a liberdade do povo”.
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A sombra de Bolsonaro
O ato da Paulista mostrou que Tarcísio, cotado para disputar o Planalto em 2026, move-se sob a sombra do antigo chefe e eterno padrinho. Em seu discurso, declarou que “só existe um candidato: Jair Messias Bolsonaro”.
A defesa incondicional do ex-presidente – inelegível, em prisão domiciliar e prestes a ser condenado à cadeia – expõe a incapacidade do governador em se firmar como liderança própria. Seus discursos, assim como suas ideias, são vazios de propostas e abundantes em golpismo.
Um governador acuado pela própria escolha
Neste domingo, enquanto movimentos sociais realizaram o tradicional Grito dos Excluídos, levantando pautas de justiça social e taxação dos super-ricos, a extrema direita usou a data para desafiar a democracia. Na Avenida Paulista, além de Tarcísio, estavam presentes Michelle Bolsonaro, Romeu Zema e Valdemar Costa Neto, aliados e indissociáveis de Jair Bolsonaro.
Neste palco, a bandeira do Brasil cedeu espaço a um enorme pavilhão dos Estados Unidos, exibido como agradecimento a Donald Trump, o presidente americano de conhecidos pendores autoritários, que impôs uma taxação injustificada de 50% aos produtos brasileiros. É com essa ideologia e defendendo interesses explicitamente anti-nacionalistas que a extrema direita deseja retornar ao poder.
O comportamento de Tarcísio revela que ele prefere deixar de ser gestor de um estado que concentra quase um terço da economia nacional para assumir a linha de frente do golpismo. A postura contrasta com o esforço de Lula, que trabalha para abrir mercados, reduzir tarifas e defender a produção brasileira, em meio a um cenário internacional adverso.
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Da Redação