Por Tânia Mandarino*

O povo venezuelano despertou hoje ao som de trombetas. É a soberania em marcha.

Por volta das cinco da manhã, o som das trombetas ecoou pelos campos e pelas cidades, convocando o povo a votar nas megaeleições de 2025.

Assim se acorda em dia de eleições na Venezuela. É, sem dúvida, uma das cenas mais emocionantes que já testemunhei: ouvir à distância os sinais que anunciam a expressão máxima da vontade popular.

Porém, hoje não é apenas o anúncio de mais uma eleição — é um chamado à História, à memória dos que sonharam com uma pátria livre e soberana e a defesa do território venezuelano frente aos ataques imperialistas.

Neste dia simbólico, outro processo profundamente significativo também ocorrerá: a eleição no que é considerado o 24º estado da Venezuela — uma região sobre a qual recaem séculos de disputas, esperanças e reivindicações históricas. A Guiana Essequiba torna-se um espaço de reafirmação de soberania e identidade.

Mais do que uma eleição, o que hoje se celebra é a continuidade de um legado. Um legado deixado pelos libertadores, por aqueles que um dia sonharam com uma América Latina unida, independente e soberana. A realização desse pleito simboliza um passo decisivo na defesa de um território já conquistado por ocasião da libertação do jugo do colonizador espanhol.

Nesse momento transcendental, a população dessa região reafirma algo maior que um voto: seu compromisso com a paz e o progresso da Venezuela. É uma resposta serena, mas firme, diante dos que tentam apagar laços históricos e vínculos afetivos que ligam o povo venezuelano ao seu território.

A democracia, quando guiada pelo povo e para o povo, tem o poder de derrotar a ofensiva imperialista que tem fomentado uma guerra no continente sul-americano.

E, com o toque das trombetas e o pulsar dos votos, a história seguirá sendo escrita por mãos populares. Com esperança, coragem e consciência, os venezuelanos mais uma vez dirão: aqui estamos, de pé e em marcha na defesa do nosso território.

A Venezuela vai eleger hoje um governador, oito deputados e sete membros do Conselho Legislativo Regional para o Essequibo. Neil Villamizar é o candidato chavista que disputa o governo do 24º estado com grandes chances de vitória.

Mas o que está em jogo nesse processo vai muito além de fronteiras ou disputas territoriais: é a reafirmação do papel do povo como protagonista da história. Em tempos de ameaças externas, desinformação e tentativas de guerra, votar é um ato de resistência.

O voto de cada cidadão venezuelano hoje é também uma homenagem aos que lutaram por independência, por dignidade e por um lugar soberano entre as nações do mundo.

É um lembrete de que a soberania não se herda, se constrói — dia após dia, e a Venezuela o tem feito, de forma democrática, eleição após eleição.

Que este 24º estado, com sua coragem e consciência, inspire a todos nós a lembrar que a democracia verdadeira não é apenas um sistema — é uma prática cotidiana de amor ao povo e à pátria.

*Tania Mandarino é advogada. Integra o Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia (CAAD).

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Last Update: 25/05/2025