Por Tânia Mandarino*
Ouvi e reouvi a coletiva de Lula aos jornalistas nessa quinta-feira, 30 de janeiro. Confira a íntegra no vídeo, ao final.
Não vou entrar no mérito da minha discordância com sua afirmação de que o Banco Central deve ter autonomia, após louvar a competência de Galípolo, nem da louvação indireta ao agro.
Tampouco vou discutir a forma como Lula elogia essa “democracia” que está aí, como se fosse a coisa mais linda do mundo porque permite que ele, um nordestino do povo, tenha chegado à presidência fazendo alianças com Zé Alencar e Alckmin.
É que eu só consigo pensar agora que Lula engoliu todos eles juntos e comeu com farinha.
Além disso, deu duas pistas (atos falhos freudianos?) muito importantes de que está recolocando a SECOM no rumo.
Uma, quando disse que ia enfrentar o jabuti se referindo a uma eventual situação adversa (uma das críticas a era Janja na comunicação era colocá-lo mostrando jabutis na Granja do Torto).
E a outra, quando afirmou que vai fazer 81 anos e tem energia de 30 (deixando de falar do tesão de 20, como fazia antes, justamente quando se libera da imposição permanente de aparições da esposa ao lado dele).
A entrevista teve outros pontos altos, ou melhor, na verdade foi um ponto alto do início ao fim. Que lindo foi ver os jornalistas boquiabertos com a performance de Lula, independente de algumas perguntas pretenderem visivelmente enredá-lo em nítidas armadilhas ideológicas de seus patrões.
Lula, de forma bastante delicada, bem lembrou a forma como eles eram tratados até outro dia pelo anterior signatário da Presidência da República.
Como um maestro, conduziu a harmonia do início ao fim, frisando sempre que ele dirá diretamente à imprensa o que tiver de novo para ser dito, sem precisar que fiquem buscando nas tais “fontes ligadas ao Palácio do Planalto”. Papa fina!
E ainda, ao final, elogiou os jornalistas, porque foram tão gentis com ele que achava que seriam repreendidos por seus editores.
Para os etaristas de plantão, mostrou sua brilhante lucidez.
Saiu e deixou a todos encantados.
Lula voltou com os cabelos balouçantes ao vento e com as duas mãos no timão.
Hoje, vendo Lula Livre, encantando a imprensa e mostrando que está firme no comando, me deu uma esperança gigante.
Agora é tratar de trazer Lula mais à esquerda.
Lula voltou! Viva Lula!