Notícias de grande impacto agitam o início da temporada de futebol no Brasil, na confusão de tantas pré-temporadas e competições misturadas, além dos costumeiros bate-bocas e intrigas. O noticiário nativo também acabou parasitado pela patética posse de Donald Trump, o rei das fake news, nos EUA. Haverá reflexos para os esportes também?

Prefiro reconhecer a habilidade de ­Paulo Henrique Ganso, um dos maiores talentos do futebol brasileiro, embora não seja tão badalado pela mídia. Insistia em dizer isso nas rodas de amigos quando fui surpreendido pela notícia do seu afastamento do Fluminense, até que se esclareça a suspeita de um problema cardíaco, levantada nos exames médicos do início do ano.

Pensava estar descobrindo a pólvora, mas acompanhei um podcast, tão em moda na atualidade, e me deparei com incontáveis manifestações exaltando as qualidades impressionantes de Ganso, tanto de companheiros da base no Santos F.C., como de outros setores envolvidos com o futebol. Quase todos reclamavam do seu não aproveitamento na Seleção brasileira.

Achei particularmente curiosa as declarações de alguns jogadores da base santista, ressaltando que Ganso seria, no mínimo, corresponsável pelo sucesso de Neymar naquele período, além de apresentar uma qualidade técnica superior. É grande, por sinal, o burburinho de que Neymar pode voltar a jogar no clube da Vila Belmiro. Ele está retornando aos gramados após um longo período de inatividade, por causa de uma ruptura do ligamento do joelho e uma lesão na coxa, e está sendo sondado pelo Santos.

Voltemos ao Ganso. Além do seu comportamento discreto por natureza, o craque nunca foi “midiático” e acabou sendo subestimado. Isso acontece com frequência com alguns jogadores de perfis mais retraídos. Agora, as dúvidas quanto à sua condição física, postas sempre em xeque pelas cirurgias a que foi submetido ainda no início da carreira, persistem.

Presenciei um fato curioso relacionado a esse tema. Na saída de um jogo do Botafogo, topei com o presidente do clube à época. Perguntei por que ele não fazia uma oferta para Ganso, que estava saindo do Sevilla. Tive como resposta que havia, sim, interesse no atleta, mas também o temor de perder o investimento por causa da sua condição física.

O Fluminense foi mais criterioso e repatriou o craque, que vem jogando há um bom tempo pelo tricolor carioca, sem se furtar a entrar em bolas divididas ou outras jogadas mais arriscadas. A lucidez, a visão de jogo e os reflexos muito apurados de Ganso são de tirar o fôlego não só dos torcedores do Fluminense, como também de qualquer admirador da mais fina arte do futebol. Os compactos das melhores jogadas exibidos nas telas deixam extasiados e incrédulos os espectadores de todos os times.

Se muitos dirigentes e técnicos de clubes temem em escalar Ganso, isso também acontece na Seleção brasileira, a despeito das reclamações de tantos torcedores, que, como eu, estão inconformados em desperdiçar um talento raríssimo como o dele. Ganso sabe como poucos um princípio básico do futebol, mas que parece esquecido nestes tempos: nunca ninguém vai correr mais que a bola. Mais que preparo físico é preciso ter qualidade técnica.

Segundo tempo

Da Europa, vem o surpreendente placar do encontro entre Benfica e Barcelona, 5×4, nove gols em um jogo que teve de tudo, inclusive algumas cenas bizarras. Trubin, o goleiro do clube português, deu um chute para a frente, a bola bateu na cabeça do adversário Raphinha e morreu no fundo das redes.

Pelo Brasil rolam as transações e as transferências. E a bola também, por que não? A Copinha chega ao seu aguardado final na data do aniversário de São Paulo, 25 de janeiro, ao mesmo tempo que se inicia a esperada e disputada Copa do Nordeste, nossa popular e vibrante “Lampions League”.

No campo das intrigas, chama atenção a resposta dada por Mbappé a um comentário maldoso de Neymar, seu antigo colega no PSG. Em entrevista ao ex-jogador Romário, que criou um canal no YouTube, Neymar disse que teve uma “briguinha” com o astro francês porque ele teria ficado “enciumado” com a chegada de Messi ao clube. Quando questionado a respeito da declaração, Mbappé fugiu da picuinha e deu uma mostra inequívoca de superioridade: “Quero lembrar do positivo, sorte para ele”.

P.S.: O mundo do esporte lamenta a perda de Leo Batista, que desempenhou seu trabalho com integridade por décadas. Até pouco tempo, o veterano jornalista transmitia uma rara sensação de isenção nos seus comentários, além de dedicar-se à cobertura de todos os esportes, indistintamente. Gratidão ao vizinho de

Publicado na edição n° 1346 de CartaCapital, em 29 de janeiro de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Talento desperdiçado’

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Last Update: 23/01/2025