Passados dois meses da capa da Veja que escancarou o “plano T” — a construção de uma candidatura presidencial de direita “nem Lula, nem Bolsonaro”, que teria em Tarcísio de Freitas (Republicanos) um balão de ensaio —, novos acontecimentos confirmam que a operação da burguesia para consolidar uma alternativa “terceira via” está em pleno andamento.

Um novo capítulo dessa ofensiva veio com o reaparecimento de Michel Temer (MDB), figura central do golpe de 2016. O ex-presidente, que até pouco tempo atrás estava afastado do primeiro plano da política nacional, reaparece agora com pompa nos noticiários burgueses, pregando a união de todos os candidatos da direita em torno de um nome único para as eleições de 2026.

O discurso de Temer — de que seria preciso deixar de lado vaidades pessoais em nome de um “projeto de salvação nacional” — foi imediatamente repercutido pela grande imprensa. Um dos principais órgãos da imprensa imperialista no País, o Estado de S. Paulo apresentou o ex-presidente golpista como uma espécie de conselheiro da “democracia”, pronto para ajudar a “pacificar o país”.

A operação é evidente. Após testarem sem sucesso a chamada “terceira via” com nomes como Simone Tebet e Luciano Huck, e diante da dificuldade de encontrar um nome que supere a popularidade tanto de Lula quanto de Bolsonaro, a burguesia busca agora organizar toda a direita — da extrema direita bolsonarista até os setores “civilizados” do PSDB — em torno de um bloco único. E Temer, velho lacaio do imperialismo, aparece como o fiador dessa coalizão.

A imprensa tenta construir esse novo arranjo com dois objetivos centrais: impedir que Lula, cada vez mais enfraquecido por sua política de colaboração com a direita, chegue competitivo a 2026; e manter Bolsonaro fora do jogo, seja por via judicial (como já acontece), seja por manobras políticas.

A reabilitação pública de Temer não é um acaso. Trata-se de uma peça importante para a burguesia, que vê no ex-presidente uma liderança confiável, com trânsito entre militares, banqueiros e partidos do “centrão”. Sua presença no tabuleiro é um sinal de que os setores mais poderosos da burguesia estão mobilizados para impedir que qualquer liderança com apelo popular retome o controle do Executivo.

O “plano T”, portanto, segue vivo e se amplia. T de Tarcísio, T de Temer, T de Terceira Via. Em todos os casos, o objetivo é o mesmo: consolidar um regime político completamente blindado contra o povo, contra as eleições e contra qualquer alternativa que fuja do controle direto do imperialismo.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 13/05/2025