A sustentabilidade ganhou relevância estratégica no comércio eletrônico diante de desastres ambientais recentes e da visibilidade da COP30, que será realizada no Brasil.
Eventos extremos como as enchentes no Rio Grande do Sul, que atingiram mais de 60% do estado, e os incêndios florestais que devastaram cerca de 46 milhões de hectares no Pantanal e na Amazônia intensificaram a cobrança por responsabilidade ambiental. Como reflexo, consumidores passaram a demonstrar mais engajamento com práticas sustentáveis no dia a dia.
Segundo pesquisa do Mercado Livre, 70% dos consumidores da América Latina já consideram o impacto ambiental ao comprar online. Além disso, 68% dizem que as práticas sustentáveis das empresas influenciam diretamente suas decisões de consumo.
Diante desse cenário, o setor de e-commerce se torna uma peça relevante na transformação do consumo. Para Rodrigo Garcia, diretor-executivo da Petina Soluções Digitais, empresa especializada na gestão de negócios em marketplaces, “a sustentabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma exigência”.
Garcia lembra que empresas que não se adaptarem a essa nova realidade correm o risco de perder espaço competitivo. Isso é confirmado pela pesquisa “Retratos da Sociedade: hábitos sustentáveis e consumo consciente”, feita pela CNI. O estudo mostra que 74% dos brasileiros adotam hábitos sustentáveis. No entanto, o grau de envolvimento varia: 38% se dizem comprometidos com o tema e 30% afirmam manter comportamentos sustentáveis com frequência.
Segundo Garcia, essa divisão indica que há uma massa crítica de consumidores que não apenas espera comprometimento ambiental das marcas, mas exige ações coerentes com o discurso. Para atender a essas expectativas, ele aponta quatro práticas sustentáveis aplicáveis ao comércio eletrônico.
Invista em embalagens ecológicas
Empresas devem utilizar materiais recicláveis ou biodegradáveis, evitar o uso de embalagens grandes demais e estimular o reuso. “A escolha da embalagem comunica valores. Materiais reutilizáveis demonstram uma preocupação real com o impacto ambiental da operação”, explica Garcia.
Adote logística verde
É importante planejar rotas de entrega mais eficientes e, sempre que possível, utilizar veículos sustentáveis. O frete compartilhado também pode ajudar na redução de emissões. “A entrega precisa ser inteligente, aliando agilidade com responsabilidade ambiental”, afirma o executivo.
Compense emissões de carbono
Garcia defende o uso de créditos de carbono verificados, com apoio a projetos de reflorestamento e conservação. “Se existe impacto, é necessário compensar. Investir em créditos ambientais é um sinal de maturidade e visão de longo prazo”, diz.
Comunique de forma clara e transparente
O consumidor quer saber como a empresa atua por trás das entregas. Por isso, a comunicação deve incluir todas as ações ambientais praticadas. “A clareza na informação fortalece a confiança e estimula a fidelidade do cliente”, afirma Garcia.
Além dessas ações, Garcia reforça que a sustentabilidade precisa ser incorporada à cultura da empresa. Segundo ele, mais do que estratégia de imagem, a agenda ESG deve estar presente em todas as etapas do e-commerce, do planejamento à entrega.
“Sustentabilidade não pode ser tratada como campanha. É um valor que precisa guiar a experiência de consumo”, conclui.