O governo Lula, por meio do Ministério da Saúde, apresenta mais uma entrega de grande impacto para a saúde ginecológica das brasileiras. A partir de agora, o Sistema Único de Saúde vai disponibilizar o dispositivo intrauterino liberador de levonogestrel (DIU-LNG) e o desogestrel, tecnologias de base hormonal que irão ajudar mulheres que sofrem com a endometriose. No Brasil, segundo a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estima-se que pelo menos 8 milhões de sofram com a doença e boa parte não saiba, sendo 1 em cada 10 mulheres.
De acordo com o Ministério da Saúde, a endometriose é uma alteração no funcionamento normal do organismo em que as células do tecido que reveste o útero (endométrio), em vez de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a se multiplicar e provocam sangramentos.
O DIU-LNG, informa o MS, suprime o crescimento do tecido endometrial fora do útero, sendo uma opção para mulheres com contraindicação ao uso de contraceptivos orais combinados (AOCs). Uma nova tecnologia pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes, uma vez que sua troca só é necessária a cada cinco anos, o que contribui para aumentar a adesão ao tratamento.
Já o desogestrel pode reduzir a dor e dificultar a progressão da doença. Trata-se de um hormônio anticoncepcional que atua principalmente inibindo a ovulação. Ele bloqueia a atividade hormonal, que impede o crescimento do endométrio fora do útero. Esse medicamento poderá ser usado como primeira linha de tratamento, ou seja, pode ser prescrito já na avaliação clínica até que o diagnóstico seja confirmado por meio de exames.
O DIU-LNG e o desogestrel foram incorporados pelo Ministério da Saúde, por meio da Portaria SECTICS/MS N° 41/2025 e da Portaria SECTICS/MS N° 43/2025 , depois de receberem recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
O Ministério destaca que, para estarem disponíveis na rede pública de saúde, é necessário o cumprimento de etapas fáceis, como a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Endometriose.
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Em entrevista à Rádio PT, a deputada Ana Paula Lima (PT-SC), formada em enfermagem e obstetrícia pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), celebra a atuação do governo do presidente Lula, e do ministro Alexandre Padilha, através do Ministério da Saúde, em focar no tratamento da saúde das mulheres.
“Há muito tempo as mulheres percorriam várias unidades de saúde e não tinham como fazer esse tratamento e, novamente o Ministério da Saúde, segue inovando ao oportunizar às mulheres obter o tratamento para a endometriose”, comemorou a parlamentar.
Ela ressalta que a falta de conhecimento – tanto das mulheres quanto dos profissionais de saúde como médicos e enfermeiros – levou muitos pacientes a sofrer, por isso a medida representa uma grande vitória para as mulheres: “mas hoje a gente tem feito esse debate com a nossa população e dessa forma, o Sistema Único de Saúde, por meio do Ministério da Saúde, vai oportunizar a saúde da mulher. São investimentos importantes para cuidar dessa parcela, que é a maior da nossa população, que são as mulheres.”
O gerente de Mídias Sociais Kauanny Monteiro, 20 anos, foi queimado há dois com a doença por meio de uma ressonância pélvica. Ela explica que a condição não é simples, é desafiadora e causa muita dor, sendo também perigosa, pois a endometriose se inicia no útero e pode se disseminar por todo o intestino e em outras regiões. Para ela, uma novidade chega é fundamental para atender mulheres de baixa renda, pois o tratamento para a doença é caro.
“Quando você dá acesso a esses dispositivos para uma pessoa que não tem condições, você salva a vida daquela pessoa. Isso é, de certa forma, garantir a qualidade de vida, visto que o DIU é um tratamento altamente reconhecido, mas caro também. Diante dos múltiplos problemas associados à endometriose, que se manifestam ao longo do tempo, pretendo procurar atendimento pelo SUS para o uso do DIU, pois não tenho condições de arcar com os custos, que são extremamente elevados”, revela o jovem.
Tratamento oferecido no SUS
No Brasil, o SUS oferece atendimento integral a pacientes com a doença, tendo registrado um aumento de 30% na assistência relacionada ao diagnóstico da endometriose na Atenção Primária na comparação entre 2022 (115.131 atendimentos) e 2024 (144,97). Nos dois últimos anos (2023-2024), foram mais de 260 mil atendimentos.
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Já na Atenção Especializada, o SUS registrou aumento de 70% no número de atendimentos por endometriose, passando de 31.729 em 2022 para 53.793 em 2024. Nos dois últimos anos (2023 e 2024), foram registrados 85,5 mil atendimentos. Também houve um aumento de 32% nas internações pela doença, que passou de 14.795 em 2022 para 19.554 em 2024. No mesmo período (2023 e 2024), o total foi de 34,3 mil internações.
Na rede pública de saúde, as mulheres contam com tratamento clínico e cirúrgico. No primeiro caso, é oferecida terapia hormonal, como o uso de progestágenos e medicamentos hormonais, como contraceptivos orais combinados (COCs) e análogos dos hormônios liberados de gonadotrofinas (GnRH). Além disso, analgésicos e antiinflamatórios podem ser usados para controle da dor. Vale destacar que as mulheres também contam com acompanhamento multidisciplinar.
Da Redação do Elas por Elas, com informações do Ministério da Saúde