Nesta quarta-feira (24), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou a abertura de uma nova investigação contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por suposta ligação com uma tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
A decisão atendeu a um pedido da Polícia Federal (PF), que identificou a intermediação de Zambelli na viagem de uma influenciadora à Espanha para tratar com o general Hugo Carvajal sobre informações de suposto financiamento do governo venezuelano a movimentos políticos de esquerda na Europa e América Latina, incluindo o PT e o então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na volta da viagem, a influenciadora teria repassado um dossiê ao então Ministro da Justiça, Anderson Torres, que determinou a abertura de um inquérito pela PF sobre o tema. A investigação foi iniciada após Bolsonaro mencionar a delação de Carvajal em uma reunião ministerial em 5 de julho de 2022, que embasou operações da PF contra militares e ex-ministros de Bolsonaro, suspeitos de participação em uma tentativa de golpe de estado.
“Temos informações do General Carvajal lá da Venezuela que tá preso na Espanha. Ele… já fez a delação premiada dele lá. É… Por 10 anos abasteceu com o dinheiro do narcotráfico Lula da Silva, Cristina Kirchner, Evo Morales. Né? Essa turma toda que ‘cês’ conhecem”, afirmou o ex-presidente. Segundo a investigação, Zambelli intermediou a viagem um mês antes da fala de Bolsonaro na reunião ministerial.
Segundo a PF, os elementos identificados apontam que a formalização açodada da investigação no âmbito da Polícia Federal – há apenas duas semanas do 1° turno das eleições presidenciais – visava a conferir credibilidade às narrativas inverídicas propagadas pela Milícia Digital em relação ao principal opositor político do então presidente Jair Bolsonaro.
Para a PF, há indícios de desvio de finalidade da investigação no contexto das eleições presidenciais de 2022, de participação da deputada federal bolsonarista nos fatos apurados e de utilização da estrutura do Estado Brasileiro para fins ilícitos e desgarrados do interesse público em 2022.
Na decisão, Moraes afirmou que os elementos apresentados pela PF mostram conexão entre os inquéritos das fake news, da milícia digital, de suposta tentativa de golpe, além dos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, militares e aliados são investigados no STF. “As investigações conduzidas, portanto, estão absolutamente relacionadas com o objeto do Inq. 4.874 [Milícia Digital], especialmente com os da Pet 12100 tendo [Golpe] a Polícia Federal identificado nominalmente a deputada federal Carla Zambelli como uma das participantes nos fatos apurados ora trazidos ao conhecimento”, escreveu o ministro.