Suplente Adilson Barroso deve assumir vaga após STF derrubar decisão da Câmara sobre Zambelli

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, que anulou a votação da Câmara dos Deputados e determinou a perda imediata do mandato de Carla Zambelli (PL-SP), abriu caminho para que o suplente Adilson Barroso (PL-SP) volte a ocupar uma cadeira na Casa. O ministro ordenou que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), dê posse ao suplente no prazo máximo de 48 horas. A determinação, agora analisada em sessão virtual pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, decorre da avaliação de Moraes de que a decisão parlamentar afrontou diretamente a Constituição ao tentar preservar o mandato de uma deputada já condenada criminalmente em ações penais definitivas.

Adilson Barroso, primeiro suplente do PL por São Paulo, volta ao centro do cenário político após já ter assumido o cargo em ocasiões anteriores durante a atual legislatura. Ele alcançou mais de 62 mil votos no pleito e, por isso, é o nome imediatamente sucessor da vaga de Zambelli. Sua eventual posse ocorre num contexto em que o STF reafirma que cabia à Câmara apenas declarar a perda do mandato da parlamentar, e não deliberar se seguiria ou não a sentença. Para Moraes, a votação realizada pelos deputados, que registrou 227 votos favoráveis à cassação e 170 contrários — número insuficiente para atingir os 257 votos exigidos — ocorreu “em clara violação” à ordem constitucional.

As condenações de Zambelli são centrais para a intervenção do Supremo. A deputada foi sentenciada a 10 anos de prisão por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça em parceria com o hacker Walter Delgatti Neto, além de ter recebido pena de 5 anos e 3 meses por perseguição armada a um apoiador do presidente Lula às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. Desde junho, quando as decisões se tornaram definitivas, a parlamentar cumpre pena na Itália, para onde fugiu. O governo brasileiro já solicitou sua extradição, ainda não avaliada pela Justiça italiana.

A substituição de Zambelli coloca Adilson Barroso novamente em evidência. Mineiro de origem, filiado ao PL paulista, ele se apresenta nas redes sociais como “bolsonarista de Direita, conservador, Patriota, amigo do Pres. Jair Bolsonaro, Michele Bolsonaro, Nikolas Ferreira”. Barroso já exerceu mandato federal entre 2023 e 2025, ocupando a vaga de Guilherme Derrite (PP-SP) enquanto este comandava a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Com o retorno de Derrite à Câmara no fim de novembro, Barroso retomou a condição de suplente.

Sua carreira política é extensa. Foi vereador em Barrinha, no interior de São Paulo, eleito em 1988 pelo PTB e reeleito em 1992 pelo então PFL. Tornou-se vice-prefeito da cidade entre 1997 e 2002. Em 2002, alcançou a Assembleia Legislativa de São Paulo como deputado estadual pelo Prona, onde permaneceu até 2010. Após perder a eleição naquele ano, voltou à política municipal em 2016. Ficou nacionalmente conhecido ao fundar, em 2012, o Partido Ecológico Nacional (PEN), que anos depois adotaria o nome Patriota. A sigla esteve próxima de abrigar o então presidente Jair Bolsonaro em 2021, mas a filiação naufragou após Barroso negociar diretamente a entrada do chefe do Executivo, o que provocou sua destituição da presidência do partido. Filiado ao PL desde 2021, ele disputou a eleição seguinte para deputado federal e terminou como suplente, condição que volta a deixá-lo prestes a assumir uma cadeira, agora por determinação do STF.

Com a tramitação do caso no Supremo e a ordem já expedida para posse imediata, resta à Câmara cumprir a determinação judicial, enquanto a Corte analisa, em sessão virtual, a decisão tomada por Moraes como relator da execução penal de Zambelli.

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