A balança comercial brasileira registrou superavit de US$ 30,1 bilhões no 1º semestre de 2025, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 4, pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
O resultado representa queda de 27,6% em relação ao mesmo período de 2024, quando o saldo foi de US$ 41,6 bilhões, e é o menor desempenho semestral desde 2020, que marcou superavit de US$ 22,3 bilhões.
O saldo positivo entre exportações e importações no período foi resultado de vendas externas que somaram US$ 165,9 bilhões, o que representa uma leve queda de 0,7% em comparação com o 1º semestre de 2024. Por outro lado, as importações avançaram 8,3% no mesmo intervalo, totalizando US$ 135,8 bilhões.
Exportações desaceleram e importações aumentam
Os dados indicam que o Brasil manteve uma balança comercial positiva, exportando mais do que importando, mas com um ritmo diferente do observado em anos anteriores. As exportações apresentaram sinais de desaceleração, enquanto as importações registraram crescimento.
Em junho de 2025, o superavit foi de US$ 5,9 bilhões, queda de 6,9% frente aos US$ 6,3 bilhões registrados no mesmo mês de 2024. O desempenho também ficou abaixo das estimativas de analistas e instituições financeiras, que esperavam um saldo em torno de US$ 6,5 bilhões. Trata-se do menor saldo para o mês desde 2019.
Desempenho por setor – Exportações
No acumulado do 1º semestre de 2025, a indústria de transformação liderou as exportações brasileiras, com US$ 88,5 bilhões, aumento de 4,7% na comparação anual. A agropecuária totalizou US$ 39,1 bilhões, com leve retração de 0,6%. Já a indústria extrativa movimentou US$ 37,3 bilhões, queda de 11,8% frente ao mesmo período do ano anterior.
Em junho, os resultados setoriais foram os seguintes:
Indústria de transformação: US$ 15,8 bilhões (+10,9%);
Agropecuária: US$ 6,9 bilhões (−10,0%);
Indústria extrativa: US$ 6,2 bilhões (−6,2%).
Desempenho por setor – Importações
Entre as importações, os bens intermediários foram os mais relevantes no 1º semestre de 2025, com US$ 81,2 bilhões, alta de 10,7% em relação a 2024. Os bens de capital totalizaram US$ 21,0 bilhões, aumento de 27,3%, enquanto os bens de consumo chegaram a US$ 20,9 bilhões, avanço de 3,5%. Já o segmento de combustíveis somou US$ 12,6 bilhões, recuo de 17,8%.
Os números para junho de 2025 mostram:
Bens intermediários: US$ 13,7 bilhões (+8,4%);
Bens de capital: US$ 3,4 bilhões (+11,6%);
Bens de consumo: US$ 4,2 bilhões (−3,8%);
Combustível: US$ 2,0 bilhões (−16,0%).
Expectativas frustradas e projeções
O desempenho da balança comercial no 1º semestre de 2025 indica um cenário menos favorável do que o esperado por analistas do mercado. A combinação entre queda nas exportações de setores estratégicos e alta nas importações, especialmente de bens de capital e intermediários, afetou o saldo final.
O documento divulgado pelo Mdic (PDF, 9 MB) detalha a composição dos dados e aponta tendências que podem influenciar o comércio exterior nos próximos meses. A desaceleração nas exportações da indústria extrativa, por exemplo, teve impacto significativo no resultado, enquanto o crescimento das importações de bens de capital pode refletir esforços de investimento produtivo.
Com base no histórico dos últimos anos, o superavit acumulado até junho tende a representar uma parcela relevante do resultado anual da balança comercial. Em 2024, o saldo positivo no 1º semestre correspondia a cerca de 55% do total do ano.
As projeções para o segundo semestre dependerão de fatores como demanda global por commodities, variações cambiais, acordos comerciais e ritmo de recuperação da economia brasileira.
Resumo
Superavit no 1º semestre de 2025: US$ 30,1 bilhões (queda de 27,6% em relação a 2024);
Exportações: US$ 165,9 bilhões (−0,7%);
Importações: US$ 135,8 bilhões (+8,3%);
Menor superavit semestral desde 2020;
Superavit de junho: US$ 5,9 bilhões (−6,9%);
Destaques nas exportações: indústria de transformação (+4,7%);
Destaques nas importações: bens de capital (+27,3%).
A balança comercial brasileira segue positiva, mas os sinais de desaceleração nas exportações e o aumento do volume importado colocam desafios adicionais para o desempenho externo do país em 2025.