Jair Bolsonaro e militares: cúpula das Forças Armadas acredita que ao menos um militar pode ser “poupado” pelo STF. Foto: Reprodução

A cúpula das Forças Armadas avalia que ao menos um dos 23 militares denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento na tentativa de impedir a posse do presidente Lula (PT) pode escapar de uma eventual condenação no Supremo Tribunal Federal (STF), conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

Trata-se do general de duas estrelas Nilton Diniz Rodrigues, apontado por oficiais de alta patente como aquele que teria menos evidências contra si entre os denunciados pela participação na trama golpista que resultou nos ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, em Brasília.

A percepção entre os militares é de que Nilton foi incluído na investigação apenas por ocupar, à época, o cargo de assistente do então comandante do Exército, general Freire Gomes.

As menções ao nome do general na denúncia da PGR envolvem principalmente a discussão sobre a elaboração da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”, um texto que circulou em grupos de WhatsApp com o objetivo de pressionar o comandante a aderir ao golpe.

O novo general que a Polícia Federal convocou para depor sobre a trama do 8 de janeiro em Brasília - TV Pampa
Nilton Diniz Rodrigues: general apontado como o que tem menos evidências contra si entre os denunciados por participação na trama golpista. Foto: Reprodução

O general integra o chamado “núcleo 3” da trama, segundo a denúncia da PGR. Esse grupo inclui militares da ativa e da reserva do Exército, além de um policial federal, todos acusados de integrar uma organização criminosa armada, incluindo os chamados “kids pretos”, suspeitos de tramar sequestros e assassinatos de autoridades. A denúncia contra esse núcleo será analisada pela Primeira Turma do STF entre os dias 8 e 9 de abril.

Assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), denunciado como integrante do núcleo 1, os militares são acusados pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Mensagens sobre a reunião

Em mensagens obtidas pela investigação, o então assistente do comandante militar do Sul, coronel Bernardo Romão Corrêa Netto, afirma a um colega: “Resolvi tomar uma iniciativa e conto com o apoio do Nilton para isso. Reunir alguns FE (Forças Especiais) em funções chaves para termos uma conversa sobre como podemos influenciar nossos chefes. Para isso vamos fazer uma reunião em Brasília”. O coronel Fabrício Moreira de Bastos respondeu: “Bora”. Corrêa acrescentou: “O Nilton está vendo onde”.

A reunião foi marcada para o dia 28 de novembro de 2022, às 19h, no salão de festas de um prédio na 305 Norte, em Brasília, onde morava o coronel Márcio Nunes de Resende Júnior. Um dos temas do encontro foi justamente a elaboração da carta destinada ao comandante do Exército, buscando apoio interno às movimentações golpistas.

Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, “os diálogos confirmam a ideia de reunir exclusivamente militares com formação em Forças Especiais que poderiam, de algum modo, influenciar seus comandantes, valendo-se também dos seus conhecimentos táticos especializados”.

Gonet também denunciou Corrêa Netto e Moreira de Bastos, afirmando que “as mensagens faziam referência ao general Nilton Diniz Rodrigues, que assumira, no período, a função de Assistente do General Marco Antônio Freire Gomes. A necessidade do apoio de Nilton se justificava exatamente por sua proximidade com o Comandante do Exército, que notoriamente repelia ações intervencionistas”.

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Last Update: 21/03/2025