
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ameaçou prender o ex-ministro Aldo Rebelo por desacato durante uma audiência nesta sexta-feira (23), em Brasília. Rebelo depunha como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado supostamente articulada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em nota divulgada posteriormente, o STF afirmou que não houve “bate-boca”, apenas uma advertência formal do magistrado diante do comportamento considerado inadequado da testemunha. O episódio gerou repercussão após um momento de tensão entre os dois, em razão do tom de discussão.
Mesmo com o alerta, Rebelo insistiu no tom irônico, alegando que a avaliação sobre a linguagem era “pessoal”. Diante disso, Moraes declarou: “Se não se comportar, será preso por desacato”. O ex-ministro respondeu que estava “se comportando”, mas foi instruído a responder com “sim” ou “não”. A tensão só foi encerrada após nova intervenção do advogado.
Durante a oitiva, Aldo Rebelo ironizou uma pergunta sobre apoio ao golpe. Tentou relativizar expressões usadas em reuniões, o que irritou Alexandre de Moraes. O ministro o interrompeu e disse: “Atenha-se aos fatos”.

Aldo Rebelo foi deputado federal, vereador e ministro em diferentes governos, além de membro do PCdoB. Nos últimos anos, aproximou-se do bolsonarismo. Em 2023, ocupou a Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, na gestão de Ricardo Nunes (MDB), e deixou o cargo para se engajar na campanha à reeleição do prefeito.
A oitiva faz parte do inquérito conduzido pelo STF sobre os bastidores da tentativa de ruptura institucional. O depoimento de Rebelo era estratégico para a defesa de Garnier, que é investigado por seu possível envolvimento no plano golpista após o resultado das eleições de 2022.