O Supremo Tribunal Federal validou, em Brasília, um decreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que retirou o Brasil da Convenção 158 da Organização Mundial do Trabalho, norma internacional que proíbe demissões sem causa justificada nos países aderentes ao acordo. O processo tramita na Corte há 27 anos.
Durante a sessão, os ministros proclamaram o resultado do julgamento. Em maio do ano passado, o STF obteve maioria de votos para manter a validade do decreto.
A aplicação da convenção está suspensa desde 1996. O ato presidencial foi editado meses após o Congresso Nacional ter aprovado a adesão do País à convenção.
Em 1997, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e a Central Única dos Trabalhadores recorreram ao Supremo. Para as entidades, a saída do Brasil da convenção deveria ter o aval do Congresso.
No ano passado, a maioria dos ministros entendeu que o presidente da República não pode decidir retirar o País de tratados internacionais sem a anuência do Congresso Nacional. Contudo, o entendimento não pode ser aplicado ao caso concreto, que virou um marco temporal sobre a questão.
Convenção
A Convenção 158 da OIT trata do término da relação de trabalho por iniciativa do empregador.
A norma internacional estabelece que a dispensa de funcionário só pode ocorrer com causas justificadas que estiverem relacionadas com a capacidade ou o comportamento do empregado, além de situações baseadas nas necessidades de funcionamento das empresas.
A convenção impede que questões envolvendo raça, cor, sexo, estado civil, religião e opiniões políticas sejam usadas como critérios para demissão.
Criada em 1982, a convenção foi ratificada e está vigente em 35 países dos 180 que compõem a OIT. Entre as nações que aprovaram e aplicam a norma estão a Austrália, Espanha, França, Finlândia, Camarões, Portugal, Suécia e Turquia, entre outras.