As defesas dos acusados de participação nos atos de 8 de janeiro de 2023 passaram a considerar o mês de agosto como a nova previsão para o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF).

A expectativa anterior era de que o processo se estendesse até o final de 2024 ou, no mínimo, até outubro deste ano. No entanto, o ritmo imposto pela Primeira Turma da Corte alterou os cálculos dos advogados envolvidos.

Segundo informações divulgadas pela jornalista Andréia Sadi, do portal g1, a estimativa dos réus leva em consideração o avanço processual nas últimas semanas.

A coleta dos depoimentos das defesas deve ocorrer ainda nos próximos dias. Depois disso, podem ser solicitadas diligências complementares, mas a possibilidade de o STF acolher esses pedidos é considerada remota pelos próprios defensores.

Após a conclusão dessas etapas, será iniciado o período das alegações finais. A ordem prevista é a seguinte: o Ministério Público Federal se manifesta primeiro, seguido do réu colaborador e, por último, das defesas dos acusados. Um dos advogados afirmou que “considerando o recesso em julho, deverá pedir sessão de julgamento em agosto”.

O Poder Judiciário entra em recesso no mês de julho, o que reforça a possibilidade de que a sessão de julgamento seja marcada para logo após o retorno dos trabalhos, no início de agosto. A tendência observada nas decisões anteriores da Primeira Turma, incluindo a rejeição de medidas consideradas protelatórias, contribui para essa avaliação.

A Corte tem demonstrado disposição para manter celeridade nas ações relacionadas aos eventos de 8 de janeiro. Nos bastidores, advogados apontam que o STF vem aplicando o mesmo rigor de julgamentos anteriores, como no caso do ex-presidente Fernando Collor. Com isso, aumentam as chances de que a análise sobre Bolsonaro ocorra entre os meses de agosto e setembro, salvo a apresentação de algum fato novo que justifique mudanças no calendário.

A possível antecipação do julgamento de Jair Bolsonaro carrega implicações relevantes no cenário político nacional. Mesmo já estando inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um eventual desfecho judicial com condenação pode repercutir diretamente sobre sua capacidade de articulação como liderança de oposição.

Analistas políticos observam que uma eventual condenação enfraqueceria a posição de Bolsonaro como principal referência da direita e impulsionaria o surgimento de nomes alternativos para a disputa presidencial de 2026.

Nesse contexto, uma pesquisa de opinião divulgada na quinta-feira, 5, pelo instituto Quaest mostrou o crescimento de figuras alinhadas à direita. O levantamento indicou que os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Junior (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSD-RS), além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), aparecem em simulações de segundo turno com desempenho semelhante ao do ex-presidente. Todos os nomes testados figuraram em cenários de empate com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O movimento é interpretado por integrantes da classe política como um indício de reorganização do campo conservador. Com a possível antecipação do julgamento de Bolsonaro, aumenta a pressão para que partidos de centro-direita e direita definam novas estratégias eleitorais nos próximos meses.

A tramitação acelerada do processo no STF também evidencia a postura da Corte em relação às investigações da tentativa de golpe.

Desde o início das apurações, o Supremo tem mantido foco em concluir rapidamente as análises sobre a responsabilidade de autoridades civis e militares que teriam incentivado ou facilitado os ataques às sedes dos Três Poderes.

O inquérito que envolve Bolsonaro se desdobra a partir da colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, que apresentou à Polícia Federal mensagens e registros que indicariam articulações com setores das Forças Armadas e da política para questionar o resultado das eleições de 2022. A investigação também analisa se houve omissão deliberada ou incitação a atos golpistas por parte do ex-presidente.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) deverá apresentar, nas próximas semanas, seu parecer final sobre o caso, antes da fase de alegações finais. O posicionamento do Ministério Público é considerado decisivo para balizar o voto do relator no STF e orientar os demais ministros.

Enquanto isso, os advogados de defesa mantêm estratégia de tentar adiar o julgamento, embora reconheçam as dificuldades diante da atual configuração da Primeira Turma. Segundo fontes ligadas aos autos, já há movimentações internas para articular a inclusão do processo na pauta do segundo semestre, com possibilidade de análise antes do feriado de 7 de setembro.

Com a expectativa de que o julgamento se inicie em agosto, o ambiente político pode sofrer alterações significativas ainda em 2025. Uma decisão desfavorável ao ex-presidente consolidaria sua exclusão do centro das articulações oposicionistas, abrindo espaço para novos líderes e realinhamentos partidários antes da definição das candidaturas para o próximo ciclo eleitoral.

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Last Update: 09/06/2025