Medida judicial aumenta a segurança na residência de Bolsonaro após falhas na fiscalização eletrônica e mantém cumprimento integral da tornozeleira


O debate público brasileiro foi novamente capturado por uma narrativa que beira o surreal: a suposta violação de privacidade de um ex-presidente da República. Enquanto o senador Flávio Bolsonaro classifica como “ilegal” e “paranoica” a decisão judicial que reforçou o monitoramento de seu pai, e Michelle Bolsonaro recorre a passagens bíblicas, uma cortina de fumaça é erguida para ofuscar o que realmente está em jogo: a soberania da democracia e a integridade da justiça brasileira.

A intensificação da vigilância na residência de Jair Bolsonaro não é um ato de perseguição aleatória, como sua defesa e familiares tentam pintar. É uma medida técnica, fria e necessária, motivada por falhas – os “pontos cegos” identificados pela polícia penal – no sistema que deveria garantir o cumprimento de uma ordem judicial.

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Em um Estado Democrático de Direito, a lei se aplica a todos, e os instrumentos que garantem sua aplicação devem ser eficazes. A presença de agentes na área externa da propriedade não é um capricho, mas a consequência direta da insuficiência do monitoramento eletrônico para um indivíduo que responde por crimes gravíssimos contra este mesmo Estado.

A tentativa de transformar uma questão de segurança processual em um drama familiar sobre a privacidade de mulheres e crianças é uma tática diversionista que subestima a inteligência do povo brasileiro. A verdadeira e mais profunda violação de privacidade e segurança não é a de um quintal em Brasília, mas a que foi planejada contra toda uma nação de mais de 200 milhões de pessoas.

Enquanto se discute a tornozeleira, o Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para o julgamento mais importante da história republicana. Jair Bolsonaro não é um réu qualquer. Ele é o chefe do “núcleo 1” de uma trama golpista, acusado, ao lado de seus generais e ministros mais próximos, de crimes que atentam contra a própria existência do Brasil como o conhecemos: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

As penas, que podem ultrapassar 30 anos de prisão, refletem a magnitude da ameaça. Não se trata de um deslize político ou de um ato de corrupção, mas de uma conspiração urdida no coração do poder para destruir o regime democrático. O interesse recorde do público, com mais de 3.300 cidadãos solicitando acompanhar o julgamento, demonstra que a sociedade compreende a gravidade do momento. O povo anseia por justiça, não por vitimização.

O que está em julgamento a partir de 2 de setembro não é apenas Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, Augusto Heleno e os demais réus. O que está no banco dos réus é a própria resiliência das instituições brasileiras. É a prova de fogo para a nossa soberania – não a soberania contra nações estrangeiras, mas a soberania da lei sobre a arrogância do poder, a soberania da Constituição sobre os que tentaram rasgá-la.

Portanto, que os lamentos sobre a vigilância no quintal não nos desviem do essencial. A justiça que se avizinha não é divina ou metafórica, como sugere a postagem de Michelle Bolsonaro.

É a justiça dos homens, imperfeita, mas indispensável para a sobrevivência da democracia. E ela precisa ser cega, firme e, acima de tudo, soberana. O Brasil assiste, esperando que a justiça prevaleça, não para vingança, mas para que a ordem democrática, tão violentamente ameaçada, seja finalmente restaurada e protegida.

Com informações do programa CNN Prime Time e Agências de Notícias

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Last Update: 01/09/2025