Xie Feng (foto/reprodução internet), o embaixador chinês em Washington usou a soja como símbolo de reconciliação com os EUA. Lembrou que metade das exportações americanas do grão ia para a China e culpou o protecionismo de Donald Trump pelo tombo de 51% neste ano. O gesto mira acalmar agricultores e sinalizar espaço para negociações mais amplas, como a Boeing, por exemplo, pode voltar ao mercado chinês com 500 aviões. Mas o recado tem efeito colateral para o Brasil, hoje dono de 70% do fornecimento de soja para Pequim. A guerra comercial abriu espaço inédito para o agronegócio brasileiro, que agora vê risco de perder terreno se Washington e Pequim retomarem a parceria. O jogo mostra que a soja é mais do que commodity: virou instrumento de pressão e moeda de barganha entre as duas maiores potências.

Trump e o presente para a China

O pós-guerra criou um comércio global sob liderança americana: regras comuns, mercados abertos e Washington no centro. Esse arranjo, lembra Robert Lawrence, professor de Harvard, foi minado pelos próprios EUA. Desde Trump, tarifas e protecionismo passaram a atropelar a OMC e corroer a credibilidade do sistema que os americanos ergueram. A ironia é que o maior beneficiário tende a ser a China, que ocupa os espaços deixados por Washington. Ao encarecer insumos e restringir trocas, os EUA tornam suas empresas menos competitivas, enquanto Pequim se apresenta como alternativa estável. O “tarifaço” pode ser a porta de entrada para um comércio global de “OMC menos um”: todos seguem cooperando, menos os Estados Unidos.

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Last Update: 26/08/2025