Sobre educação, inteligência e pensamento crítico

por Arnaldo Cardoso

Enquanto no Brasil a Reforma do Ensino Médio aprovada pela Câmara dos Deputados aguarda sanção presidencial, resultados de avaliações internacionais de desempenho de estudantes revelando piora significativa em áreas do conhecimento e processos de compreensão explicitam a gravidade da situação da educação em todo o mundo

Para uma compreensão da situação da educação no Brasil e, por extensão no mundo, pode-se começar pela observação das diferentes reações diante da aprovação no último dia 9 pela Cãmara dos Deputados no Brasil da Reforma do Ensino Médio com alterações ao modelo vigente desde 2017. Ela foi comemorada por muitos, mas também criticada em função do texto final ter eliminado melhorias resultantes de debates e negociações ocorridos durante tramitação no Senado Federal.

Alguns ainda mais críticos afirmam que a reforma agora aprovada mantém as linhas gerais daquela imposta em 2017 pelo governo de Michel Temer através de Medida Provisória, destinada a atender interesses particularistas e muitas vezes escusos, em detrimento de uma política pública nacional de educação.

A velocidade e extensão dos avanços tecnológicos registrados nas últimas décadas produziram como um de seus efeitos colaterais uma banalização do discurso geral sobre tecnologia, inclusive de sua aplicação na educação, exaltando uma modernização – como valor em si – e uma adaptação às demandas do mercado – como se isso fosse per se um bem.

O contexto excepcional gerado pelos dois anos da pandemia que acelerou a implementação do EaD (Ensino a distância) favoreceu a propaganda das tecnologias educacionais e, por consequência, do processo chamado de plataformização da educação. É importante notar que essas plataformas tecnológicas são hoje, no Brasil e em grande parte do mundo, dominadas por grandes empresas de tecnologia.

E foi nesse contexto que avançaram nos últimos sete anos no Brasil, ações de diferentes agentes, públicos e privados, com diferentes interesses, cujos principais resultados foram o agravamento de problemas estruturais e a piora nos resultados gerais de educação de jovens no país.

Se a adoção de novas tecnologias foi apresentada como sinal de avanço, elas vieram acompanhadas de retrocessos e perdas para todos os participantes legítimos do sistema educacional.

Na educação pública, nas esferas municipal e estadual de São Paulo e outras localidades do país, acumulam-se denúncias e protestos contra a precarização das condições de trabalho de professores e demais profissionais da educação evidenciados pelo escandaloso aumento do número de profissionais trabalhando em regime temporário; corte de orçamento e de oferta de vagas; privatizações aleatórias; expansão de escolas cívico-militares em confronto a determinação do Judiciário; tentativa de descredenciamento ao Programa Nacional do Livro; digitalização e oferta a alunos de material didático de baixíssima qualidade, além da imposição de metas concebidas a partir de critérios empresariais a professores e demais profissionais da educação pública adicionando tensão e estresse no ambiente educacional.   

Na educação privada onde a educação é frequentemente percebida como mercadoria e o cliente é quem tem a razão, as leis do mercado emprestam aparência de legitimidade a processos de precarização causando a perda de autoestima e do valor social da docência.

Em um país de dimensão continental e com acentuadas desigualdades falar em educação digital exige um olhar responsável sobre a realidade. Exemplo disto pode ser visto no caso de São Paulo, estado mais rico do país, onde 80% dos jovens estudantes até o ensino médio não possuem acesso a um tablet e mais de 50% das escolas públicas não possuem infraestrutura adequada para garantir um processo de aprendizagem eficiente.

Não obstante o recorte socioeconômico na análise de resultados de desempenho de estudantes não deixar dúvidas sobre as desvantagens dos jovens das camadas inferiores de renda, o fraco desempenho também de estudantes brasileiros das camadas superiores de renda com farto acesso a recursos tecnológicos tanto em seu cotidiano quanto nas escolas que frequentam, evidencia a limitação dos benefícios trazidos pela tecnologia na educação.

Nessa direção, merece atenção, para além dos exames nacionais realizados anualmente no Brasil como o Enem e o Enade, os resultados de avaliações internacionais como os do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) que desde sua primeira edição no ano de 2000 vem avaliando a cada três anos conhecimentos de Matemática, Leitura e Ciências de estudantes de quinze anos, de diferentes países.

De antemão é importante sublinhar que o PISA, cujas limitações como ferramenta para análise são comumente lembradas por analistas, não se propõe a avaliar nenhum currículo escolar dos países de origem dos estudantes avaliados. Ele é estruturado por um conjunto de habilidades e competências, que a OCDE definiu como sendo o esperado para um jovem em determinada etapa de sua formação escolar.

A última avaliação PISA, de 2022, foi aplicada para 690 mil estudantes de 81 países, com o objetivo de avaliar a qualidade da aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de competências pelos jovens estudantes, tidas como essenciais para a sua plena participação na vida económica e social de seus países e, por extensão, do mundo.

Durante a aplicação da avaliação os alunos respondem também a um questionário que fornece informações sobre si próprios, sobre dados contextuais e sobre a sua atitude face à aprendizagem.

A cada edição, o PISA elege um domínio principal que, em 2022 foi a Matemática. Isto posto, os estudantes responderam a um maior número de itens na avaliação desta área do conhecimento.

Competências do século XXI

Concomitante à realização das avaliações PISA 2022, a OCDE financiou um novo projeto de investigação intitulado “O Futuro da Educação e das Competências: Educação 2030” que contempla as chamadas competências do século XXI, que são: pensamento crítico; criatividade; investigação e pesquisa; autodireção, iniciativa e persistência; utilização de informação; pensamento sistémico; comunicação; e reflexão.

Esse projeto informa ter em perspectiva a formação de cidadãos com capacidade de “pensar fora da caixa em diferentes contextos de tarefas”, em outras palavras, ter “competência para se envolver produtivamente na geração, avaliação e aprimoramento de ideias que possam resultar em soluções originais e eficazes, avanços no conhecimento e expressões impactantes da imaginação”.

Resultados do Brasil

No Brasil o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) vinculado ao Ministério da Educação (MEC) é o responsável pelo planejamento e a operacionalização da avaliação PISA, bem como pela análise de seus resultados.

Participaram da última edição da avaliação PISA 10.798 estudantes de 599 escolas brasileiras. Nessa edição o Brasil atingiu 379 pontos, cinco pontos a menos do resultado da edição anterior (384 pontos).

A classificação geral do Brasil em 2022 foi 60ª posição entre 81 países, em 2015 foi 63º entre 70 países e em 2018 foi 66ª entre 77 países.

Por área de conhecimento o Brasil obteve os seguintes resultados: em Matemática 65º lugar (aumento de 6 posições em relação à edição anterior), em Leitura 52º lugar (+ 5 posições) e em Ciências 62º lugar (+ 2 posições). Esse aparente melhor desempenho deve ser interpretado no conjunto dos resultados de todas as nações participantes e da queda geral de desempenho.

Em Matemática, análise do INEP destacou que, dos estudantes brasileiros, 73% registraram baixo desempenho nesta disciplina (abaixo do nível 2). O nível 2 é considerado pela OCDE o padrão mínimo para que os jovens possam exercer plenamente sua cidadania. Entre os países membros da OCDE, o percentual dos que não atingiram o nível 2 foi de 31%. Apenas 1% dos brasileiros atingiram alto desempenho em matemática (nível 5 ou superior).

Isso significa que 7 em cada 10 alunos brasileiros de 15 anos não sabem resolver problemas matemáticos simples, como converter moedas e comparar as distâncias percorridas por um carro em dois caminhos diferentes.

Na disciplina de Leitura, 50% tiveram baixo desempenho (abaixo do nível 2). Entre os países membros da OCDE, o percentual dos que não atingiram este nível foi de 26%. Apenas 2% dos brasileiros atingiram alto desempenho em leitura (nível 5 ou superior). Nos países da OCDE, a concentração foi de 7%.

O INEP asseverou que metade dos estudantes brasileiros não têm o nível básico em leitura, considerado pela OCDE como o mínimo para exercer sua plena cidadania.

Em Ciências, o desempenho médio brasileiro de 403 pontos, revelou que 55% ficaram abaixo do nível 2, e apenas 1% atingiu alto desempenho (nível 5 ou superior). Nos países da OCDE, a taxa de baixo desempenho é de 24% e a de alto desempenho, de 7%.

Embora houvesse grande apreensão com os resultados dessa última avaliação em função dos esperados impactos negativos decorrentes do período da pandemia do coronavírus, a surpresa foi positiva denotando êxito nos esforços de enfrentamento da grave crise e mitigação de seus impactos.

No entanto, manter-se estável no PISA em posição tão frágil quanto a brasileira não autoriza comemoração.

Queda generalizada de desempenho

Os resultados do PISA 2022 apresentaram a menor média de toda a série histórica (desde 2000) obtida por estudantes da OCDE (grupo de países de elevados índices de desenvolvimento econômico e social) e, em termos gerais, apenas 60% dos estudantes alcançaram o nível básico de proficiência em matemática, ciências e compreensão de leitura.

Enquanto os brasileiros obtiveram pontuação inferior à da OCDE nas três disciplinas, causaram também inquietação os casos de Alemanha, Islândia, Noruega e Polônia, cujas notas em matemática caíram 25 pontos ou mais entre 2018 e 2022.

Esses resultados suscitam uma série de perguntas sobre a situação da educação no mundo.

Como explicar que, em contexto de extraordinários avanços tecnológicos que, nas três últimas décadas, ampliaram enormemente os meios para o acesso à informação e promoveram avanços científicos em todos os campos das ciências, seja tão precário o desempenho de jovens estudantes em avaliações de conhecimento e capacidade de compreensão do mundo em que vivem?

E como estimular o desenvolvimento da inteligência humana face aos efusivos e sedutores anúncios de novas ferramentas de inteligência artificial e de suas abrangentes aplicações capazes de trazer facilidades para os humanos, em suas formas de produzir, consumir, sentir e pensar?

Criatividade

No teste de criatividade, o Brasil obteve a média de 23 pontos, ficando na 49ª posição, de um total de 64 países. Esse resultado colocou o país “entre os que apresentaram resultado significativamente abaixo da média da OCDE”. Singapura, país líder do ranking, obteve 41 pontos, enquanto a média dos países da OCDE ficou em 33.

Nos 20 países e economias, dentre as quais o Brasil, que apresentam baixo desempenho, menos de 50% dos estudantes atingiram o nível básico de pensamento criativo.

Competência leitora

Para professores, pedagogos e demais profissionais dedicados a educação é constante a defesa da importância do desenvolvimento da competência leitora para a formação de indivíduos, antes mesmo de pensá-los como futuros profissionais.

Os precários resultados da avaliação PISA  2022 na área da Leitura só confirmaram um diagnóstico que vem sendo explicitado há tempos, o da queda na atividade da leitura entre crianças, adolescentes, jovens e adultos, com impactos negativos em vários âmbitos da vida.

Nas sociedades letradas, saber ler e atribuir significado ao que se lê é de suma importância pois, se trata de uma competência decisiva para a inclusão ou marginalização de uma pessoa.

A habilidade de ler, com autonomia, compreendendo significados implícitos, interpretando textos técnicos ou não, selecionando o que é relevante e identificando como estão articuladas as ideias e linhas de raciocínio, faz do indivíduo sujeito ativo e capaz de se fazer ouvir no mundo.

Vale lembrar que habilidade é um saber fazer e, competência significa mobilizar um conjunto de habilidades em função de determinado objetivo, para resolver problemas. O leitor competente é capaz de executar diversas ações sobre o texto.

A leitura habilita o indivíduo a acessar com compreensão diferentes registros e linguagens, nas mais diversas áreas do conhecimento.

O pensamento matemático

De uma série de ideias falsas é comumente citada aquela que coloca em extremos opostos as habilidades da leitura, da escrita e do raciocínio matemático. Para seu desenvolvimento todas exigem pensamento crítico, tomada de decisões, resolução de problemas de diferentes naturezas. 

Além de formular e aplicar, o raciocínio matemático demanda o exercício das capacidades de interpretar e avaliar em contextos de problemas da vida real.

E para pensar matematicamente, o estudante precisará entrar em contato com gráficos, tabelas, esquematizações apresentadas através de textos. Não há conhecimento científico que prescinda da sua construção teórica.

A leitura digital

É verdade que, a leitura no século XXI não se limita mais à página impressa; cada vez mais, o acesso à informação ocorre através da tela de um computador ou smartphone (ou seja, através da leitura digital). Mudou-se a forma de acesso e armazenamento, mas não a necessária relação entre o leitor e o conteúdo.

Hoje a competência de leitura não termina com a compreensão de um único texto; agora a capacidade de aplicar estratégias complexas de processamento de informações e a capacidade de pesquisar, filtrar e organizar uma grande quantidade de conteúdo textual são fundamentais. Ler hoje significa saber escolher entre diferentes fontes, orientar-se na ambiguidade, distinguir fatos e opiniões e envolver-se ativamente no processo de construção de sentido e conhecimento. (PISA; 2022)

Inteligência artificial

E por fim, como falar hoje dos desafios da educação frente ao avanço tecnológico, sem refletir sobre o que vem sendo chamado de Inteligência Artificial?

No site do MIT (Massachusetts Institute of Technology) instituição americana que figura no topo de inúmeros rankings com as melhores universidades do globo e que é um dos principais berços da inovação tecnológica no mundo, após confrontar diferentes acepções do termo Inteligência Artificial propõe, para início de conversa, a definição mais simples “IA é um termo genérico para um conjunto de tecnologias que fazem os computadores executarem coisas que são consideradas como exigentes de inteligência quando feitas por pessoas”.

Essa definição carrega uma pergunta crucial, o que é considerado inteligência?

Cabe também perguntar “O que significa para as máquinas entender a fala ou escrever uma frase?” Essa e outras perguntas se tornaram cruciais desde que essa tecnologia passou de protótipo para produto em acelerada velocidade.

Embora a Inteligência Artificial faça parte de nossas vidas há décadas, foi nos últimos anos que a sua evolução e aplicação em chatbots – software/robôs – baseados em machine learning e deep learning tornou real um novo tipo de interação entre humanos e máquinas.

Lançado em novembro de 2022, o ChatGPT da OpenAI (um software de aprendizado de linguagem de máquina) foi recebido como uma revolução nesse tipo de uso da IA e escalou as especulações sobre um futuro tecnológico antevisto por tecnootimistas e tecnocéticos. Os primeiros veem no avanço tecnológico a solução de todos os problemas da humanidade e, os segundos, identificando no avanço das máquinas o declínio irreversível da humanidade em vias de submissão, como fora antecipado pela literatura de ficção científica.

Nessa nova geração de “máquinas inteligentes”, além do ChatGPT há também o Bard do Google e o Sydney da Microsof, entre outros.

Mas será mesmo adequado chamarmos de inteligência o que esses robôs fazem? Coletar uma grande quantidade de dados, procurar padrões neles e apresentar respostas estatisticamente prováveis correspondem ao que nós humanos chamamos de inteligência?

Certamente uma extraordinária velocidade de processamento acessando centenas de terabytes e uma colossal capacidade de memória podem ser de grande valor – e isso já está sendo comprovado – na pesquisa em muitos campos de conhecimento. No entanto, isso não corresponde ao conceito de inteligência.

A ciência da linguística e a filosofia do conhecimento nos oferecem fartos subsídios para contrastar com o que essas máquinas fazem, o modo como os humanos raciocinam e usam a linguagem.

Enquanto o ponto crucial do aprendizado de máquina é a descrição e previsão, a inteligência humana se caracteriza pela reflexão e pela busca de explicações. Explicar não é o mesmo que descrever ou enumerar. A explicação, a conjectura, o pensar sempre considerando a possibilidade de se estar errado e o exercício da crítica são as marcas da verdadeira inteligência.

Em defesa da IA temos ouvido que ela está sendo treinada por humanos e, a cada dia, absorve (ou será, rouba?) milhões de informações e variáveis dos complexos processos de atribuição de sentido, valor e tomada de decisão de humanos.

Na mesma série de questionamentos do MIT sobre IA podemos encontrar a pergunta “As máquinas podem aprender a se comportar?”

Há alertas de que, nesse processo corre-se o risco de, enquanto as máquinas melhoram, nós nos ternemos piores, mais estúpidos. Enquanto elas buscam transpor uma fase pré-humana ou não-humana da evolução cognitiva, nós estaríamos atrofiando potencialidades, seduzidos pelo canto da sereia de uma vida com menos esforço e menor comprometimento com o presente e a construção de um futuro melhor.

Transferiremos às máquinas também as habilidades de percepção intelectual, criatividade artística e todas as outras faculdades essencialmente humanas? Que futuro se projeta a partir disso?

Uma concepção fundamentalmente falha de linguagem e conhecimento

O respeitado intelectual americano Noam Chomsky, professor emérito do MIT, alertou em artigo de 2023 sobre a ameaça de que a IA “degrade nossa ciência e rebaixe nossa ética ao incorporar em nossa tecnologia uma concepção fundamentalmente falha de linguagem e conhecimento”.

Perguntas cruciais sobre os problemas inerentes ao advento da IA, se dirigidas a tais “máquinas inteligentes” elas nos darão respostas evasivas e superficiais. A incapacidade de raciocinar a partir de princípios morais, impede essas “mentes artificiais” de produzir conhecimento novo e eticamente defensável.

Ainda mais preocupante é a constatação da vulnerabilidade dessas “mentes artificiais” face ao ataque de trolls que as inundem de conteúdos maliciosos, eivados de preconceitos e ideias torpes e vulgares.

Sem capacidade crítica apenas reproduzirão preconceitos e idiotias ou, programadas para seguir um roteiro “politicamente correto” se absterão de respostas ou emitirão respostas medíocres num temeroso exercício de “banalidade do mal”.

Como asseverou Chomsky “A verdadeira inteligência também é capaz de pensamento moral. Isso significa restringir a criatividade ilimitada de nossas mentes com um conjunto de princípios éticos que determinam o que deve e o que não deve ser”. Isso é humano e precisa  ser discutido por humanos, na escola e nos demais espaços da vida social, renovando valores que permitiram aos humanos se reconhecerem em humanidade.

Tristemente hoje já é possível reconhecer que, ainda mais ameaçador que robôs humanizados, são os humanos robotizados, isto é, incapazes de pensamento crítico, de responsabilidade e de empatia com o outro.

Assim, é imperioso assumirmos a responsabilidade de um pensamento crítico e consequente sobre os perigos de uma incorporação acrítica em nossas escolas de novas tecnologias que se apresentam para automatizar tarefas e encurtar caminhos e que, por fim, subtraem de crianças e jovens o aprendizado de processos de construção de conhecimento e aquisição de experiências significativas. Não podemos também descuidar, como alertado por Chomsky, dos riscos que o “rebaixamento de nossa ética” traz às nossas crianças e jovens, demasiadamente expostas hoje aos ambientes tecnológicos virtuais.

Assim, centrando atenção em educação, devemos nos perguntar como podem os sistemas educacionais, em tempo de tantas incertezas, desenvolver eficazmente em nossos jovens os conhecimentos, competências, atitudes e valores de que a humanidade tanto precisa?

A manutenção da crença na educação como instrumento de desenvolvimento dos indivíduos para a satisfação de suas necessidades e sonhos, individuais e coletivos, depende hoje, mais que nunca, de posicionamento decidido e responsável diante dos radicais desafios que estão postos às sociedades no presente. É no presente que as decisões que moldam o futuro são tomadas e cuja omissão ou mesquinhez no seu enfrentamento produzirá consequências irreparáveis.

Arnaldo Francisco Cardoso, sociólogo e cientista político (PUC-SP), escritor e professor universitário.

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Última Atualização: 18/07/2024