Núcleo das Petroleiros do PSTU-RJ

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Contexto e conteúdo da carta do Sindipetro RJ

Recentemente, o presidente Lula visitou uma unidade da Transpetro que fica na base de representação do Sindipetro RJ — filiado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) —, o TEBIG (Terminal Marítimo Almirante Maximiano da Fonseca), em Angra dos Reis, para divulgar seu programa de construção naval. 

Ato contínuo, o Sindicato organizou um ato na frente do Terminal. Faixas, panfletos e uma carta para entregar ao Lula, com diversas demandas.

A carta do Sindipetro-RJ continha 5 eixos, cada um com seu respectivo subtítulo, representando algumas das bandeiras mais almejadas pela categoria: 

  • contra o entreguismo e o neoliberalismo; 
  • contra os retrocessos no teletrabalho e a defesa de outros direitos; 
  • defesa dos terceirizados; 
  • denúncia das frequentes mortes de trabalhadores nas unidades da empresa; 
  • fim dos PEDs (Plano de Equacionamento do Déficit da Petros, plano de previdência dos petroleiros) e defesa da AMS (Assistência Multidisciplinar de Saúde, nosso plano médico-odontológico).

O que deveria ser a prática de qualquer sindicato que se preze, incomodou tanto a Resistência/PSOL que publicaram, na semana da greve, uma virulenta fake news contra o Sindipetro RJ disfarçada de artigo, cujo autor já tinha criticado a ação do Sindicato na visita do Lula ao Boaventura. Ou seja, não se trata apenas da Carta Aberta…

Cabe-nos agora refutar as acusações e tentar revelar a lógica por trás delas.

É mentira que a carta equipara Lula a Bolsonaro

Segundo a narrativa caluniosa da Resistência/PSOL: 

– a carta iguala Lula e Bolsonaro, usa artilharia pesada contra o presidente, mas quase não fala da extrema direita; 

– o Sindicato esconde a posição de não defender Lula frente a um golpe; 

– há um sinal de igual entre a diretoria do sindicato e o PSTU.

Este artigo é uma distorção tão grotesca quanto consciente da Carta, do seu objetivo e da atividade desse Sindicato, bem como das opiniões e práticas dos militantes do PSTU. Senão vejamos: 

Primeiro, naturalmente o foco da carta não era debater com ou sobre a extrema direita. Tampouco era uma análise de conjuntura.

Era uma carta ao governo para que nossas reivindicações e críticas sejam ouvidas, como qualquer sindicato independente e combativo deveria fazer. 

Segundo, nós não dizemos, porque não achamos, que os governos Bolsonaro e Lula são iguais, pois não são. 

O autor não consegue achar nenhuma citação que possa embasar o título do “artigo”, mas envereda olimpicamente por conclusões forçadas e sabidamente falsas. 

“A Petrobrás segue gerida com foco para encher os bolsos de seus acionistas, da mesma forma que aconteceu nos governos anteriores de Temer e Bolsonaro” – está é a única vez em que são citados os inomináveis, para uma triste mas irrefutável comparação.

É verdade ou não que esse segue sendo o foco da Petrobrás? Que Lula não mudou nossa “MISSÃO”? Mateus ignora que “a cada cinco anos a Petrobrás doa uma Petrobrás”?

Segue ou não no foco da administração da Petrobrás dar bilhões aos acionistas distribuindo dividendos enquanto mesmo uma demanda mínima como o teletrabalho segue ignorada e é preciso ir para uma greve? 

O que seria exatamente a “artilharia pesada”? No texto, Mateus diz que o governo é criticável, mas tem que fazer com jeitinho e não pode ser agora, porque tem ato marcado.

Este artigo, falando barbaridades da direção do Sindicato na véspera de uma greve histórica, não seria artilharia pesada voltada para um alvo errado no momento inadequado? 

É de sentir vergonha alheia e talvez nem merecesse resposta a insinuação de algum tipo de cumplicidade ou isenção do Sindipetro-RJ frente a movimentações golpistas. O sindicato foi linha de frente na luta pelo reconhecimento do resultado das eleições;

impulsionou a ação em frente à Reduc contra a ameaça de bloqueio da refinaria por grupos golpistas ainda antes da posse de Lula; foi um dos sindicatos que mais combateu a tentativa de golpe de 8 de janeiro na luta para que o resultado das eleições fosse reconhecido; sua mídia esteve a serviço da campanha pela prisão e o confisco dos bens de todos os golpistas. 

Esteve e estará na linha de frente no combate a qualquer golpe, mas isso não significa transformar nosso Sindicato e sua mídia em palanque para o governo, PT ou PSOL. 

Independência X submissão

Mas afinal, qual é a relação da Resistência/PSOL com o governo Lula?

Quem responde é Valério Arcary nesta entrevista no Faixa Livre:

1 – sem o governo Lula, sem o PT, a CUT, não é possível derrotar a extrema direita; 

2 – logo, precisamos do Lula. O Lula moderado. O Lula que negocia com o Centrão a governabilidade no Congresso Nacional. O Lula que apoiou Hugo Motta 

3 – estamos no campo do governo Lula

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Este é o problema de fundo: 

– a Resistência/PSOL apoia (em última instância, incondicionalmente) o atual governo, inclusive em seus acordos com o Centrão (que também quer privatizar a Petrobrás);

– a Resistência/PSOL defende que a ArtSind(PT)/FUP-CUT seja a direção inconteste do movimento sindical (claro que já garantiram o lugar na janela pelos serviços prestados).

Como mostramos, não se trata de uma improvisação recente, mas de uma elaboração já de alguns anos. 

Não existe mais projeto de “direção alternativa”, classista, independente, nem por fora nem por dentro da FUP (Federação Única dos Petroleiros/CUT ou de onde for.

Esta é a chave para entender a verdadeira proposta de “reunificação” alardeada, por exemplo, pela Chapa 1 em Caxias (RJ), o projeto sindical da Resistência Petroleira é ser linha auxiliar da Articulação na FUP.

Magda Chambriard está atacando os trabalhadores porque o governo colocou ela lá. Não há como levar uma luta consequente contra Magda pelo teletrabalho preservando o governo a qualquer custo, de qualquer respingo.

Para a Resistência/PSOL e sua oposição neofupista do RJ, o sindicato deve abster-se de criticar o governo, porque somente Lula pode derrotar a ultradireita. Com todo mundo quietinho  e calado sob o cabresto da FUP, aí sim!, Lula, Magda, e Deyvid (respectivamente, os presidentes do Brasil, Lula da Silva;.da Petrobrás,  Magda Chambriard; e da FUP, Deyvid Bacela) conseguirão derrotar a ultradireita. 

Nós opinamos o contrário: somente a classe trabalhadora mobilizada pode derrotar a ultradireita.

Exigir daqueles que querem enfrentar a ultradireita que silenciem sobre os ataques que a classe trabalhadora está sofrendo, na verdade joga água no moinho da extrema direita.

Por um sindicato independente e combativo

Nosso sindicato, pela terceir gestão, segue independente de qualquer governo e de qualquer partido. Nosso sindicato tem militantes de diferentes organizações políticas, mas o sindicato não pertence a nenhuma delas. 

O sindicato é do conjunto dos trabalhadores que têm opiniões distintas sobre a política. Sua tarefa é unir os trabalhadores em torno de suas lutas comuns como classe. 

Quando um dirigente do Sindipetro-RJ quer defender seu partido ou seus candidatos, não o faz pelas mídias do sindicato, mas com os materiais de sua própria organização na porta das unidades ou pelas redes sociais. Isso não quer dizer que o sindicato seja apolítico, mas que sua política é uma construção coletiva de classe.

As comunicações do sindicato são responsabilidade do “Núcleo 1”, que reúne 14 diretores e responde a atividades normalmente identificadas como Secretaria Geral, Comunicação, Relações Institucionais, Formação, … 

O N1 conta com a representação de todas as tendências expressas na diretoria e tudo que é publicado passa pelo consenso dos responsáveis.

O autor do infeliz artigo sabe de tudo isso, pois se beneficiou de nossa democracia interna durante anos, até o último segundo do mandato, inclusive durante a eleição.

Totalmente o contrário, é bom que se saiba, do regime de exclusão e caça às bruxas imposto pela Resistência/PSOL no Sindipetro Caxias. Confira neste Manifesto.

Amigos do Rei

O Sindipetro RJ, assim como as duas federações, compareceram ao evento em Angra.  O tratamento recebido foi muito distinto. 

Enquanto a FUP foi recebida com tapete vermelho, os diretores do Sindipetro-RJ foram barrados e obrigados a abrir seus EPIs – uma revista de censura política -, sob os quais estavam as camisas com nossas reivindicações pelo teletrabalho, PCCS, fim dos equacionamentos da Petros e defesa dos terceirizados. 

A FUP também entregou sua carta, basicamente uma propaganda do governo.

Sobre o tratamento discriminatório e coercitivo dispensado à Federação independente, leia a carta da Secretaria Geral da FNP à Presidente Magda. 

Sobre todo este episódio ou sobre a carta da FUP, a Resistência não tem nada a dizer, nenhum protesto contra a repressão política ou sequer um formal desagravo aos diretores enquadrados.

Conclusão

Mateus faz parte da corrente Resistência/PSOL e integrou a gestão do Sindipetro-RJ até 2024, quando seu grupo abandonou o programa da gestão e passou a defender mais abertamente as posições que, como podemos ver, têm evoluído. 

Esse é o debate de fundo. Eram justamente essas questões que estavam em jogo nas últimas eleições do Sindipetro-RJ.

Processo similar ao que acontece hoje na eleição do Sindipetro Caxias.

Nós seguimos defendendo aquilo que dissemos no congresso dos petroleiros e nas eleições sindicais, nós propomos um sindicato independente dos governos e patrões, que tenha como sua principal atividade a defesa dos trabalhadores da Petrobrás, que esteja junto das lutas da classe trabalhadora, e ajude na organização desta e na defesa da independência de classe.

Defendemos um sindicato que esteja na primeira linha das lutas contra a ultradireita, e em especial das ameaças golpistas que existem e devem ser derrotadas pela mobilização de nossa classe. Mas não concordamos em subordinar nosso sindicato a nenhuma corrente política, nem a nenhum governo. O sindicato é independente de todos os governos e todos os patrões e se subordina à categoria petroleira.

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Governo Lula,

Last Update: 02/03/2025