Na decisão em que determinou o uso da tornozeleira eletrônica por Jair Bolsonaro, entre outras medidas restritivas e cautelares, Alexandre Moraes citou Machado de Assis, considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos, e o ex-presidente dos EUA, Abraham Lincoln, que governou o país durante a Guerra Civil que resultou no fim da escravidão.

Citando a Procuradoria Geral da República (PGR), Moraes destacou a ameaça contra a soberania nacional, que consiste na “perspectiva de inflição de medidas punitivas pelo governo norte-americano, que o sr. Eduardo, apresentando-se como junto a ele particularmente influente, diz haver conseguido motivar, concatenar, desenvolver e aprovar em diversas instâncias. As punições estariam prontas para serem incrementadas e implementadas, gradual ou imediatamente, contra autoridades que investigam a ele próprio, ao seu pai e a correligionários. Essas autoridades integram a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República, e oSupremo Tribunal Federal”.

O Clã Bolsonaro promoveu uma “tentativa de submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado caracteriza atentado à soberania nacional” e o ministro do STF salientou que “o art. 359-I do Código Penal criminaliza a negociação com governo estrangeiro para que este pratique atos hostis contra o país”.

Ao evocar Machado de Assis, Moraes ponderou que a soberania nacional “não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida”. Destacou que o STF “sempre será solutamente inflexível” na defesa de tal soberania.

Ao lembrar de Lincoln, 16º presidente dos EUA, Moraes citou sua “lição” de que “os princípios mais importantes podem e devem ser inflexíveis”.

Nesse sentido, Moraes citou como princípio inflexível da Constituição, a independência do Judiciário em defesa da Carta Magna. “A história desse STF demonstra que jamais faltou coragem aos seus membros para repudiar as agressões contra os inimigos da soberania nacional, democracia e Estado de Direito, sejam inimigos nacionais, sejam inimigos estrangeiros”, frisou o ministro.

O ministro destacou que, como um “país soberano”, o Brasil “sempre saberá defender sua democracia” e ponderou que o Poder Judiciário “não permitirá qualquer tentativa de submeter o funcionamento do STF ao crivo de outro Estado, por meio de atos hostis derivados de negociações espúrias e criminosas de políticos brasileiros como o Estado estrangeiro”.

A Polícia Federal esteve na casa do ex-presidente, no bairro do Jardim Botânico, em Brasília, nesta sexta, onde Bolsonaro recebeu os agentes.

O ministro vê “patente obstrução à Justiça e clara finalidade de coagir” o STF no julgamento da ação penal do golpe, para “criar verdadeira impunidade penal e favorecer” o ex-presidente Jair Bolsonaro, “impedindo o Poder Judiciário de analisar, por meio do devido processo legal, a imputação criminal” feita ao ex-chefe do Executivo.

Ele acrescentou que o aumento de tarifas imposto por Trump tem como finalidade a “criação de uma grave crise econômica no Brasil, para gerar uma pressão política e social no Poder Judiciário e impactar as relações diplomáticas entre Brasil e EUA, bem como na interferência no andamento da AP 2668 ação penal do golpe de Estado”.

Leia a íntegra da decisão de Alexandre Moraes

 

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Last Update: 18/07/2025