Os articulistas do sítio Brasil 247 Reynaldo Aragon e Sara Goes publicaram uma matéria que, à primeira vista, pode parecer a defesa da soberania nacional e dos interesses do povo brasileiro. No entanto, após uma análise mais detalhada, é possível perceber que se trata de de parte da inconsequente campanha da esquerda nacional em defesa da censura e da perseguição política da população.

O título do artigo é “Soberania ou submissão: a hora de criar uma doutrina nacional para defender o Brasil na guerra da informação”. Primeiramente, é preciso esclarecer a utilização do termo “guerra da informação”: esse termo não tem significado nenhum. E, mesmo no sentido que os autores procuram utilizá-lo, ele não está direcionado a denunciar quem promove a verdadeira guerra contra o Brasil e controle de sua população: o imperialismo mundial.

Os autores afirmam que “o Brasil está sendo invadido (…) por plataformas, dados e narrativas que moldam nosso destino sem que percebamos”. A frase parece impactante. No entanto, não se desenvolve o seu significado, o que a torna uma colocação abstrata sobre “dados e narrativas” criados não se sabe por quem para influenciar não se sabe quem e não se sabe por quê.

Logo abaixo, há uma pista para indicar do que se poderia tratar: os articulistas afirmam que parte dessa “invasão” se dá através de “algoritmos que não obedecem às nossas leis”. No entanto, deve-se perguntar: quais leis que esses algoritmos estariam supostamente quebrando? Um algoritmo é simplesmente um esquema de programação que procura compreender o comportamento de determinado usuário para fornecê-lo conteúdo que possa interessá-lo nas redes sociais. O autor, no entanto, quer fazer crer que existem leis delimitando o tipo de informação que um usuário pode acessar e pode divulgar na Internet. Essas leis, no entanto, não existem. A Constituição brasileira defende a liberdade total e irrestrita de expressão, vedado o anonimato.

Aragon e Goes continuam, mais à frente, afirmando que o país sofre com a falta de uma doutrina de “soberania informacional”, o que faz com que corramos, segundo os autores, “o risco de nos tornarmos colônia de interesses invisíveis, onde nossas decisões, nossos dados e nossa cultura são moldados de fora para dentro”. Para os articulistas, está em marcha uma “guerra híbrida”, que seria travada “por meio do controle das infraestruturas digitais, da manipulação de dados, da dominação algorítmica”.

Os autores querem fazer parecer que a Internet é o meio de comunicação mais controlado e dominado (sem apontarem quem seriam as pessoas ou a classe por trás desse controle). No entanto, é evidente que os meios de comunicação mais tradicionais: a imprensa escrita, o rádio, a televisão, são muito mais controlados pela burguesia e pelo imperialismo do que a Internet, e esse é justamente o problema.

Mais abaixo, os autores procuram explicar:

“Soberania informacional é soberania nacional. Ela articula três dimensões: a soberania digital, que garante o controle sobre plataformas e redes essenciais; a soberania de dados, que protege juridicamente as informações da nossa população; e a soberania tecnológica, que assegura o domínio sobre as inovações que definirão o amanhã. Estamos falhando em todas as frentes.”

Nos três conceitos, a ideia seria a necessidade de controlar cada vez mais as redes sociais. A colocação sobre “soberania digital”, em que fala sobre “controle sobre plataformas” é a defesa mais franca da censura sobre a Internet. A “soberania de dados”, tratando da proteção jurídica das informações, embora seja uma preocupação legítima, não está direcionada ao alvo principal. Tanto o Judiciário brasileiro quanto a Polícia Federal e outras agências de inteligência nacionais e internacionais fazem uso de espionagem sobre grupos e redes sociais de toda a população brasileira. No entanto, os autores nada falam sobre esse atentado contra a liberdade e a privacidade dos brasileiros.

Para os autores, Soberania informacional é soberania nacional. No entanto, o que eles entendem por soberania? Defender que o Brasil se torne “soberano” significa que o povo deve poder se expressar livremente, criticar o governo, o poder Judiciário, organizar-se politicamente, fazer greves e ter a liberdade de poder dizer o que quiser onde quiser — inclusive usando redes sociais e plataformas digitais. E significa, fundamentalmente, não ceder à política criminosa do imperialismo de promover a censura e a perseguição nas redes sociais. No entanto, ao longo de todo o texto, o que os autores propõem é justamente o contrário: maior controle, maior intervenção, maior repressão.

Chegam a lamentar que as Forças Armadas estejam “presas a paradigmas da Guerra Fria” e que o Legislativo “cedeu a lobbies”. O que desejam? Que os militares e o Congresso atuem de forma mais dura para restringir o uso da Internet?

Os autores apelam para um falso nacionalismo para defender sua política de censura. Mais ao fim da matéria, eles afirmam:

“Mais o que uma questão técnica, essa é uma batalha cultural. Estamos disputando afetos, valores e sentidos. A desvalorização do Brasil, a ridicularização da nossa capacidade de inovação, a internalização de um complexo de vira-lata são armas do inimigo. Precisamos forjar uma noa narrativa (sic), que já conhecemos: de orgulho, de dignidade informacional e de autonomia.”

É fato que o imperialismo desfere ataques contra a soberania nacional brasileira a todos os momentos, inclusive através de ideologias e da política identitária. No entanto, os autores parecem conceber uma forma confusa de combater isso. No caso da suposta “guerra de informações”, é justamente a Internet que possibilita que a população comum possa ver os crimes do imperialismo ao redor do mundo e denunciá-los. Além disso, os autores demonstram não compreender que todos os aparatos repressivos do país estão sob o controle do imperialismo. Haja visto a própria Polícia Federal, que está sempre cumprindo tarefas encomendadas pela CIA ou pelo Mossad.

Nesse sentido, a política correta para a questão da Internet é defender a liberdade total de expressão dentro dela. O imperialismo impulsiona a censura porque não quer ser denunciado pela população, mas é preciso combater essa política justamente para defender a soberania nacional e os direitos políticos da população.

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Last Update: 02/05/2025