Imunizante do Butantan será produzido em larga escala na China e distribuído pelo SUS; outros acordos fortalecem a autonomia do Brasil em saúde
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta segunda-feira (12) que a China ajudará o Brasil a produzir em larga escala a primeira vacina contra a dengue totalmente desenvolvida no país. O imunizante, fruto de uma colaboração entre o Instituto Butantan e a empresa chinesa WuXi Biologics, deve ser distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em breve.
“Certamente teremos o maior programa de vacinação pública contra a dengue, com a nova vacina desenvolvida pelo Instituto Butantã”, afirmou Padilha durante coletiva de imprensa em Pequim, onde acompanha a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O acordo faz parte do Programa de Desenvolvimento Local e Inovação (PDIL) do Ministério da Saúde. O Butantan, responsável pelo desenvolvimento da tecnologia, não tinha capacidade industrial para atender toda a demanda nacional.
“O Butantã resolveu a tecnologia, mas não tinha a capacidade de produção de escala para atingir rapidamente o público brasileiro”, explicou o ministro.
Outras parcerias em saúde aceleradas
Além da vacina contra a dengue, outras três colaborações entre Brasil e China foram impulsionadas. Uma delas é a produção nacional de insulina glargina, um medicamento essencial para diabéticos. A iniciativa, liderada pela Fiocruz em parceria com a brasileira Biomm e a chinesa Gan & Lee, deve garantir 20 milhões de unidades ainda este ano.
Outro projeto prevê a instalação de “hospitais inteligentes” em diversas regiões do Brasil, utilizando inteligência artificial e cirurgias robóticas.
Novos acordos firmados
Um dos memorandos assinados nesta segunda-feira cria o iBRID — Instituto Brasil-China para Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas, uma parceria entre a brasileira Eurofarma e a chinesa Sinovac Biotech.
O ministro destacou que o acordo abre portas para “não só o desenvolvimento tecnológico, mas também a produção em larga escala, beneficiando o SUS e permitindo exportações para as Américas e África”.
Outro acordo visa reduzir a dependência brasileira de importação de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs), componentes essenciais para a fabricação de medicamentos. A parceria entre a Nortec Química e as chinesas Aurisco, Acebright e Goto Biopharm permitirá a produção de até 500 toneladas de IFAs sintéticos por ano.
Por fim, um último convênio busca modernizar equipamentos de raios-X e ultrassom no Brasil, em uma colaboração entre a Careray e institutos chineses, prometendo exames mais baratos e de maior qualidade.