
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve decidir até quarta-feira (18) se sanciona ou veta um projeto que institui o dia 12 de abril como “Celebração da Amizade Brasil-Israel”. A decisão ocorre em meio a uma relação tensa entre Lula e o governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Desde que começou seu terceiro mandato em janeiro de 2023, Lula tem criticado duramente as operações militares de Israel na Faixa de Gaza.
Afirma que o conflito não é uma guerra convencional, mas sim “um exército matando mulheres e crianças”. Além disso, Lula acusa Israel de se vitimizar diante das críticas internacionais, e considera as ações desproporcionais e já classificou as ofensivas como “genocídio”.
O Palácio do Planalto informou que a decisão final de Lula sobre o projeto só será divulgada após o prazo legal, em 18 de junho. Já o Ministério das Relações Exteriores não se manifestou publicamente sobre a recomendação que dará ao presidente.
O projeto de lei sob análise foi enviado ao Congresso há 12 anos, durante o governo Dilma Rousseff. Em 2013, Dilma vetou uma proposta semelhante que fixava o dia 29 de novembro como “Dia da Amizade Brasil-Israel”, por coincidir com o “Dia Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina”, data reconhecida pela ONU.
Na mesma ocasião, Dilma sugeriu que a celebração ocorresse em 12 de abril, data da criação da representação brasileira em Israel, em 1951. Esse novo projeto só foi aprovado em maio de 2025, demonstrando a complexidade das relações bilaterais. O presidente Lula, antes mesmo antes de assumir seu primeiro mandato, já se encontrava com líderes da resistência palestina como Yasser Arafat – presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), morto em 2014.
As críticas de Lula à política militar israelense têm provocado forte reação diplomática, mas seu histórico tem base em princípios humanitários. O governo de Israel considera suas declarações ofensivas e antissemitas, chegando a declarar o presidente brasileiro “persona non grata” em fevereiro de 2024, após o presidente brasileiro comparar ações em Gaza ao Holocausto.