Neste sábado (5), agentes da polícia metropolitana de Londres prenderam 29 militantes do grupo Palestine Action, grupo que realiza protestos e ações contra o sionismo e o imperialismo britânico por seu apoio a “Israel”.
As prisões arbitrárias foram feitas durante protesto feito por uma organização defensora de liberdades civis, conforme noticiado pela emissora libanesa Al Mayadeen. Durante a manifestação, que ocorria na Praça do Parlamento, vários manifestantes levantavam cartazes em apoio ao Palestine Action. Veja fotos:
Dentre os manifestantes presos, havia profissionais de saúde, professores universitários e religiosos:
Em declaração publicada na página do X da polícia metropolitana, o órgão de repressão afirmou que “Palestine Action é um grupo proibido e agentes agirão onde crimes forem cometidos”.
As prisões ocorrem após o regime político ditatorial do Reino Unido, cujo primeiro-ministro é Keir Starmer, do Partido Trabalhista, ter aprovado emendas à Lei de Terrorismo para incluir o grupo Palestine Action em lista de organizações terroristas.
As emendas foram propostas pelo governo e publicadas na última segunda-feira (30). Elas foram aprovadas pela Câmara dos Comuns do Reino Unido (equivalente à Câmara dos Deputados brasileira) na última quarta-feira (2), por 385 votos a 26. Na Câmara dos Lordes (equivalente ao Senado), a votação ocorreu na sexta-feira (4), onde as emendas foram igualmente aprovadas.
Em demonstração do caráter reacionário e sionista de todo o regime político britânico, no mesmo dia, tanto a Alta Corte recusou o pedido de liminar para bloquear temporariamente a proibição, considerando que o interesse público era maior do que os prejuízos às liberdades dos membros do grupo, conforme noticiado pelo jornal britânico The Independent.
No mesmo sentido foi a decisão da Corte de Apelação, que negou a suspensão da proibição, concluindo que não havia “probabilidade real de êxito” no recurso e que o banimento entraria em vigor à meia-noite. Com isto, a proibição entrou em vigor à meia-noite do sábado (5), de forma que, a partir de então, ser membro ou expressar apoio ao Palestine Action passou a ser crime, com pena que pode chegar a 14 anos de prisão, conforme noticiado pela agência de notícias britânica Reuters.
A Alta Corte é um dos tribunais superiores da Inglaterra e do País de Gales, que trata de questões civis de “grande valor e grande importância” em primeira instância. A Corte de Apelação, também tribunal superior, é a última instância de recursos civis e criminais antes da Suprema Corte do Reino Unido.
Face à medida ditatorial de proibir o Palestine Action, o músico britânico Roger Waters, fundador da banda Pink Floyd, manifestou seu apoio ao grupo, denunciando a medida ditatorial do imperialismo britânico (que classifica a organização como “terrorista”) como uma traição aos princípios da justiça e da democracia. Em suas declarações, Waters acusou o Parlamento britânico de estar “corrompido por agentes de uma potência estrangeira genocida“, fazendo referência direta a “Israel”.
Pouco antes de entrar em vigor a lei ditatorial proibindo o Palestine Action, a organização publicou declaração, destacando que “eles não podem proibir a tática de ação direta em apoio à Palestina” e que “COLETIVAMENTE, NÓS IREMOS RESISTE E, AO FIM, IREMOS VENCER” (em caixa alta, conforme escrito na declaração do grupo). Leia abaixo, na íntegra:
“PALESTINE ACTION
DECLARAÇÃO
APESAR DE NOSSOS ESFORÇOS COLETIVOS PARA IMPEDIR A PROSCRIÇÃO DO PALESTINE ACTION, A PROIBIÇÃO ENTRARÁ EM VIGOR À MEIA-NOITE
Em cinco anos, conseguimos construir um movimento de ação direta que interrompeu e desafiou com sucesso a indústria bélica israelense. Por meio de ações incansáveis e da disposição de sacrificar nossa liberdade, conseguimos fechar três fábricas de armas israelenses, pressionamos mais de uma dúzia de empresas a romperem vínculos com a Elbit Systems e causamos bilhões de libras em perdas contratuais à fabricante de armas israelense. A vitória mais importante é a construção de um movimento global eficaz em serviço do povo palestino.
Está claro que fomos eficazes demais, e o governo teve de impor o ataque mais draconiano às liberdades civis para agradar ao lobby pró-Israel. Eles podem até proibir o Palestine Action, mas não podem impedir que ações diretas ocorram pelo país de diferentes formas. Somos mais do que apenas um nome ou uma rede — somos uma ideia que nunca poderá ser parada. Para deixar claro: eles não podem proibir a TÁTICA da ação direta pela Palestina.
Estamos extremamente gratos por todo o apoio que recebemos ao longo dos últimos anos, e pela onda de solidariedade desde que a intenção de nos proibir foi anunciada. Essa proibição NÃO PODE ficar sem resposta, e estamos felizes em ver tantos determinados a resistir à proibição por meio de uma campanha de desobediência civil.
Violar leis injustas é um dever moral. Grupos de campanha não afiliados, como Defend Our Juries e ‘we do not comply’ (wedonotcomply.org), liderarão a resistência à proibição e à oposição às leis antiterroristas extremas impostas a todos nós. É evidente que haverá resistência.
No entanto, também estamos cientes de que qualquer pessoa, intencionalmente ou por engano, pode estar cometendo um crime de terrorismo apenas por curtir ou compartilhar nossas postagens nas redes sociais, se for cidadã britânica ou estiver no “Reino Unido”. Isso pode levar comunidades vulneráveis a serem assediadas e perseguidas pelo Estado. Embora incentivemos e apoiemos uma campanha de desobediência civil, todos os que participarem devem fazê-lo de maneira informada. Por isso, nossas redes sociais serão retiradas do ar. Para esclarecer: Palestine Action está proibida SOMENTE no Reino Unido.
Muitos ficarão justamente indignados com a proibição imposta ao Palestine Action. No entanto, toda repressão gera mais resistência. Este é um momento do qual o Estado britânico provavelmente se arrependerá. É um sinal para todos nós que estamos dispostos a resistir, para tornar essa proibição inaplicável.
Devemos resistir pelos nossos próprios direitos e, mais importante ainda, pelo povo palestino que enfrenta um genocídio. Todos nós somos Palestine Action — isso não é apenas um slogan, é um estado de resistência.
COLETIVAMENTE, RESISTIREMOS E, NO FINAL, VENCEREMOS”