Mísseis do Irã atingem Tel Aviv, em Israel

O americano Kenneth Neal Waltz foi um dos mais importantes estudiosos de Relações Internacionais. Ex-professor emérito de Ciência Política na Universidade de Berkeley, na Califórnia, e pesquisador acadêmico na Columbia, em Nova York, ele ajudou a fundar a doutrina do neorrealismo ou realismo estrutural nessa área.

“Países que têm armamentos nucleares coexistem pacificamente, porque sabem que cada um deles podem provocar danos terríveis entre si”, dizia.

Em 2012, publicou o artigo “Por que o Irã deve ter a bomba” na revista Foreign Affairs. É especialmente útil à luz da escalada da guerra que vemos hoje.

Waltz argumenta que a posse de armas nucleares por parte dos iranianos, ao contrário do que muitos temem, seria benéfica para a estabilidade do Oriente Médio. A proliferação nuclear poderia equilibrar o poder e reduzir as tensões.

Ele lembra que o governo dos EUA e seus aliados tentaram usar diplomacia e sanções para convencer o Irã a abandonar seu programa nuclear. No entanto, essa opção é inútil, dado o histórico de países como a Coreia do Norte, que, apesar de passar por diversas rodadas de medidas duras e resoluções da ONU, conseguiu desenvolver suas armas nucleares.

Países como o Japão já possuem infraestrutura nuclear sofisticada, sem, no entanto, ter armas nucleares. Israel vê qualquer capacidade significativa de enriquecimento de urânio como uma ameaça inaceitável.

Waltz argumenta que, historicamente, sempre que um país desenvolve armas nucleares, as reações das potências nucleares existentes tendem a ser mais de adaptação do que de confrontação. Ele faz uma comparação com a situação de Israel, que adquiriu suas armas nucleares na década de 1960, enquanto estava em guerra com vários de seus vizinhos árabes. Israel não causou uma corrida armamentista na região, e Waltz acredita que o mesmo poderia acontecer caso o Irã se tornasse uma potência nuclear.

O Irã, escreve ele, não se comportaria de forma irracional ao adquirir armas nucleares. Como qualquer outra nação, está motivado pela preservação de sua própria segurança. Apesar da retórica inflamada e agressiva de seus líderes, o Irã não busca autossabotagem. A ideia de que o país usaria suas armas nucleares em um primeiro ataque contra Israel é, para Waltz, altamente improvável, pois isso resultaria em uma retaliação devastadora, o que faria qualquer país nuclear hesitar.

Outro ponto crucial é o monopólio nuclear de Israel no Oriente Médio, que ele considera ser a verdadeira fonte de instabilidade na região. Israel tem mantido esse monopólio por décadas, com a capacidade de atacar outros países que tentem desenvolver armas nucleares, como aconteceu com o Iraque em 1981, a Síria em 2007 e, agora, o Irã. Esse desequilíbrio de poder é insustentável a longo prazo. Israel, ao tentar manter sua superioridade nuclear, criou as tensões atuais.

Waltz adverte que os métodos de Israel para impedir que outros países desenvolvam instalações nucleares têm alimentado ainda mais o ressentimento de seus adversários. A proliferação nuclear no Oriente Médio não causaria uma corrida armamentista e traria estabilidade. Veja-se o exemplo de Índia e Paquistão, que, depois de adquirirem a bomba, conseguiram manter a paz, apesar das provocações frequentes. A dissuasão nuclear, para ele, é a chave para o equilíbrio de poder e a paz no Oriente Médio.

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Last Update: 13/06/2025