Um dos aspectos mais divertidos da derrota humilhante do Estado de “Israel” na Faixa de Gaza é o desespero dos propagandistas sionistas. Depois de 15 meses se desmoralizando completamente com o genocídio, o Estado de “Israel” se desmoraliza ainda mais com a derrota militar. Assim começam os argumentos cada vez mais absurdos dos sionistas. Um dos maiores exemplos é Andre Lajst, o principal porta-voz de “Israel” no Brasil. Ele publicou um curto texto em suas redes sociais tentando provar que o sionismo é sinônimo de anti-imperialismo, uma das teses mais surrealistas possíveis.

Ele começa: “autodeterminação é, e sempre foi, anti-imperialista”. De fato, a autodeterminação dos povos é uma política marxista, ou seja, anti-imperialista. Mas seria o que seria a autodeterminação no caso da Palestina? O povo que habita a região determinar o seu destino.

No quadro atual seriam cerca de 9 milhões de palestinos e cerca de 7 milhões de judeus que imigraram para a Palestina. Se esse povo chamasse uma Assembleia Constituinte e decidisse o seu futuro isso seria a autodeterminação. Ou seja, o extremo oposto do que defende “Israel”. E isso sem contar que existem mais 7 milhões de palestinos fora do país que vivem como refugiados e deveriam ter o direito de retornar.

Ele segue: “sionismo é o nome próprio do movimento de autodeterminação do povo judeu”. Aqui a farsa é a ideia do povo judeu. Esse povo existiu na época da Bíblia, eram o povo hebreu que seguiam a religião do judaísmo. Mas passados 2 mil anos esse povo não existe mais, o que existe é a religião judaica e os descendentes da comunidade judaica em diversos países, principalmente na Europa. Sendo assim não existe autodeterminação dos judeus pois não existe autodeterminação de grupos religiosos mas sim de populações.

Então ele chega no argumento: “sionismo é anti-imperialista. Anti império britânico, anti império otomano”. Que os sionistas eram contra os otomanos é um fato, mas isso porque eles eram lacaios completos do imperialismo britânico. O sionismo é um projeto dos banqueiros ingleses para criar uma base militar no Oriente Médio e controlar o petróleo. Prova disso é que o projeto sionista avançou somente a partir de 1917, quando os ingleses conquistaram a Palestina.

A luta pela independência de “Israel” é uma farsa. Os ingleses e os norte-americanos apoiaram o sionismo, armaram as milícias sionistas, protegeram o Estado de “Israel” depois de sua fundação. “Israel” atuou desde então como força auxiliar do imperialismo no Oriente Médio. Afirmar que “Israel” é anti-imperialista é completamente absurdo. Que Estado anti-imperialista receberia bilhões dos EUA todos os anos?

A história real é que os ingleses criaram o Mandato Britânico da Palestina já como um projeto para os sionistas, a famosa Declaração de Balfour declarou que a Palestina seria a terra para os judeus, ou seja, é uma declaração oficial do governo inglês em apoio ao sionismo. O exército de ocupação inglês era aliado dos sionistas para esmagar a resistência palestina, foram os britânicos quem treinaram as milícias fascistas sionistas. Depois de 30 anos de cooperação intensa houve um pequeno confronto com os ingleses de um setor minoritário do sionismo. Isso é usado para afirmar que eles lutaram pela independência, mas isso é uma farsa. “Israel” é uma criação do imperialismo britânico.

Ele continua: “chamar sionismo de movimento colonialista é falso e mentiroso”. O sionismo é na verdade o último movimento colonialista que se mantém vivo. Ele foi fundado no final do século XIX dentro do contexto do colonialismo europeu. De princípio os sionistas chegaram a pensar em montar a sua colônia em Uganda, ou seja, uma tradicional colônia europeia na África. Mas para o imperialismo o importante era colonizar o Oriente Médio e assim eles se estabeleceram na Palestina.

O maior amigo histórico do Estado de “Israel” era a África do Sul do apartheid, ou seja, um Estado colonial herdado do antigo império britânico. O sionismo até hoje opera da mesma forma, com colonos que vão para territórios que ainda não foram completamente conquistados e coloniza esses territórios. Os colonos da Cisjordânia ocupada são inclusive considerados ilegais pela lei internacional. O sionismo, portanto, é o que há de mais próximo do antigo colonialismo europeu, só que muito pior pois existe na atual fase de decadência do imperialismo.

Lajst não explica como o roubo de terras dos palestinos por uma população que vive na Europa e nos EUA principalmente não configura colonização. O Estado de “Israel” poderia ser usado nos manuais de escola como definição bem acabada da colonização.

Ele então conclui: “sionismo como movimento nacional é anti colonial, anti-imperialista assim como qualquer movimento de autodeterminação da época”. O sionismo pode ser considerado uma espécie de nacionalismo, mas com características especiais. Ele é como o nacionalismo dos brancos na África do Sul do apartheid, o que os norte americanos chama de “white nationalism” (nacionalismo branco), que é o movimento de supremacia racial contra os negros e imigrantes em geral.

Ou seja, é o nacionalismo imperialista, que é totalmente reacionário. Não tem relação nenhuma com o nacionalismo revolucionário e progressista dos palestinos, da Resistência Palestina. O nacionalismo israelense é a sua política de esmagar os povos do Oriente Médio a serviço do imperialismo. O nacionalismo do Hamas tem como objetivo final libertar o Oriente Médio do jugo do imperialismo. A afirmação de que todo movimento nacional é anti-imperialista é falsa e o sionismo é a prova maior disso.

O mais interessante da colocação de Lajst é que ele faz um apelo à esquerda para ter algum apoio ao sionismo. É um sinal de desespero. Depois de 15 meses de genocídio em Gaza a esquerda, mesmo que tenha feito muito pouco pela Palestina, muito dificilmente irá defender o sionismo ideologicamente. Essa foi mais uma derrota do Estado de “Israel” imposta pelo Hamas.

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Last Update: 04/02/2025