Sintaema, minha primeira escola de formação sindical e política

Por Helifax Pinto de Souza*

A conjunção de dois acontecimentos foi decisiva para minha iniciação sindical e política. O primeiro foi o movimento pelas eleições diretas, conhecido como “Diretas Já”, que marcou o fim de mais de duas décadas de ditadura militar. Naquela época, lembro que a gente saía de Suzano com destino ao Vale do Anhangabaú, um dos locais onde ocorriam as manifestações de grande porte na capital paulista. O segundo foi quando deixei de viajar — pois trabalhava na Sabesp construindo obras de emergência pelo estado, meio que sem paradeiro — e me fixei na cidade de Suzano, em 1982. A partir desse momento, comecei a ter contato e participar de assembleias e outras atividades promovidas pelo Sindicato, já sob nova direção.

Um fato marcante, para mim, nessa etapa, foi quando me elegi delegado sindical. Tínhamos um dia da semana à disposição do Sindicato e, uma das minhas primeiras atitudes, foi instalar uma banquinha com fichas de sindicalização próximo ao relógio de ponto. Neste dia, 32 trabalhadores(as) se sindicalizaram. Isso foi um impulso maravilhoso — e, a partir dali, mais e mais foram se associando.

Bem, depois minha jornada pelo Sintaema na diretoria foi avançando. Primeiro como diretor de base e, depois, como diretor de Formação; Imprensa e Comunicação; e, por fim, fui eleito presidente da entidade, sucedendo a presidenta Beth Tortolano. Ao final do meu mandato como presidente, num processo de transição, voltei para a base e, tempos depois, retornei como diretor de base.

Um fator que sempre marcou e marca a trajetória do Sintaema são nossas massivas assembleias, sem falar em nossos congressos, bem representativos, com delegados(as) eleitos pela base. Nossas pautas e quaisquer outras reivindicações — enfim, tudo era debatido e aprovado pelos(as) trabalhadores(as), por meio de congressos e assembleias, que são suas instâncias máximas de deliberação. O Sintaema sempre soube combinar os interesses corporativos com as lutas mais gerais. A eleição do então presidente da entidade, Nivaldo Santana, por três mandatos, atesta essa dimensão sindical e política.

Revista 

É um Sindicato respeitado em todo o Brasil. Seu índice de sindicalização ultrapassa os 80%, o que é uma raridade. Nas horas mais difíceis — como na virada do século, em que, de forma orquestrada, a direção da empresa, junto com o governo e a Justiça do  (este sob nova orientação), impôs uma derrota econômica retirando todos os direitos até então conquistados — a categoria reagiu, manteve-se unida e, aos poucos, fomos reconstruindo o que haviam surrupiado de nós.

Por último, vale destacar a luta, por mais de três décadas, contra as privatizações — sobretudo a da Sabesp. Mas, mais que combater o projeto neoliberal (uma das modalidades do sistema capitalista), a concepção predominante na linda trajetória do glorioso Sintaema é, no fundo, a luta por um novo tipo de sociedade: sem explorados e sem exploradores, o socialismo.

Viva o Sintaema!
Viva o conjunto do proletariado!

*Helifax Pinto de Souza foi presidente do Sintaema de 2003 a 2009 e, hoje, e membro do Conselho Fiscal do Sindicato.

**Texto originalmente publicado na Revista Especial 50 anos do Sintaema

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