Encontro promovido pela Frente Intersindical mobilizou cerca de 10 entidades e marcou a retomada de uma agenda coletiva em defesa do trabalho portuário e dos direitos trabalhistas
Na última quinta-feira (5), a Frente Intersindical de Paranaguá reuniu lideranças sindicais de diversas categorias para discutir os impactos do Projeto de Lei nº 733/2025, que pretende alterar o Marco Regulatório dos Portos (Lei 12.815/2013). A reunião, coordenada por João Fernando da Luz, presidente do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná (Sindestiva) e também presidente da Intersindical, teve como objetivo fortalecer a atuação unificada do movimento sindical no município diante de um cenário de ameaças aos direitos dos trabalhadores.
O encontro ocorreu na sede do Sindicato dos Vigias Portuários e contou com a participação de José Eduardo Antunes, presidente do Sindicato dos Conferentes de Carga e Descarga nos Portos do Paraná (CONFEPAR) e vice-presidente da Frente Intersindical, além de Alexandre Húngaro, presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), e outros dirigentes sindicais como Jorge Luiz Ceccon Ribeiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Marítimos (SETTAPAR); Rodrigo Vanhoni, presidente do Sindicato dos Portuários (Sintraport); Eliel Teodoro dos Santos, presidente do Sindicato dos Arrumadores de Paranaguá; Eduardo Antunes, presidente da APP Sindicato de Paranaguá; Arildo Nascimento, presidente do Sindicato dos Químicos; Marcos Ventura Alves, presidente do Sindicato dos Vigias Portuários de Paranaguá; e Silvio Nunes, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Paranaguá.
Também estiveram presentes Patrick Couto, vice-presidente do SETTAPAR; Dâmia Nunes, vice-presidente do Sintraport; Rogério Santos, diretor do Sindestiva; Darwin Alexandre Almeida, advogado do SETTAPAR; e Guilherme de Campos, assessor da deputada estadual Ana Júlia (PT), que levou à mesa o compromisso da parlamentar em apoiar a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para debater o tema.
Fortalecimento sindical e enfrentamento ao PL 733
Segundo José Eduardo Antunes, a reunião teve dois focos centrais: o enfrentamento ao PL 733/2025, que pode comprometer a atuação dos trabalhadores portuários e avulsos (TPAs) e o modelo público-portuário, e a articulação da criação de um Fórum Sindical de Paranaguá. “Todos os sindicatos saíram daqui com o propósito de fortalecer a atuação coletiva. O Fórum Sindical nasce com o objetivo de organizar a luta por mais dignidade, melhores condições de trabalho e pelo desenvolvimento econômico de Paranaguá”, afirmou.
O PL 733 é duramente criticado por entidades sindicais por representar, segundo os dirigentes, uma ameaça direta ao sistema portuário público e à segurança jurídica de milhares de trabalhadores, principalmente os avulsos. A proposta em discussão no Congresso é vista como uma porta de entrada para a precarização das relações de trabalho e para a consolidação de um modelo privatista nos portos brasileiros.
Antunes destacou ainda que o movimento sindical local quer ampliar sua articulação com as centrais sindicais, parlamentares e a sociedade civil organizada para garantir que direitos não sejam suprimidos por legislações que atendem, segundo ele, exclusivamente aos interesses do capital privado.
Foto: Assessoria de imprensa
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Convergência de lutas
João Fernando da Luz destacou que a reunião simboliza a retomada da força sindical organizada em Paranaguá. “Estamos iniciando uma nova etapa de articulação. O objetivo é sair da dispersão que nos fragiliza e construir um espaço de união permanente entre os sindicatos da cidade. Não se trata apenas do PL 733 – cada categoria tem suas pautas, mas juntas somos mais fortes”, disse.
O presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Alexandre Húngaro, também participou do encontro. Ele destacou a importância da mobilização local e defendeu que as lutas sindicais devem ir além da resistência a projetos legislativos, incorporando também bandeiras como a redução da jornada de trabalho, a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, e a taxação das grandes fortunas. “A tentativa de flexibilizar ou acabar com o trabalho portuário organizado tem que ser combatida com força. A CTB está junto nessa mobilização, e o que vimos aqui hoje é um exemplo de unidade que precisamos reproduzir em todo o país.Precisamos reconstruir a capacidade de articulação nas cidades, como estamos vendo aqui em Paranaguá. Só com unidade e capilaridade seremos capazes de enfrentar os ataques aos direitos trabalhistas e à democracia”, afirmou.
Reconstrução da força sindical
A reunião também teve um tom de autocrítica e mobilização. Dirigentes apontaram que o movimento sindical de Paranaguá já foi referência nacional e que é preciso recuperar essa força por meio de organização conjunta, formação política e diálogo direto com a sociedade.
Silvio Nunes, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Paranaguá, avaliou positivamente o encontro. “Essa união dos sindicatos mostra que estamos no caminho certo. Quem ganha com isso é o trabalhador e a trabalhadora da nossa cidade”, destacou.
A proposta de construção do Fórum Sindical de Paranaguá, articulada durante a reunião, deverá ser formalizada nas próximas semanas, com a definição de um calendário de atividades conjuntas, panfletagens, atos públicos e visitas a parlamentares. A ideia é que o fórum funcione como espaço permanente de mobilização e articulação sindical no município, com participação aberta às entidades interessadas.
Próximos passos
A partir do encontro, os sindicatos decidiram mobilizar esforços para a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná, com apoio da deputada Ana Júlia. A proposta é ampliar o debate sobre o PL 733 e garantir que os trabalhadores portuários e suas entidades tenham voz nas decisões que impactam diretamente suas vidas e suas cidades.
Além disso, foi anunciada a realização do Congresso Estadual da CTB nos dias 10 e 11 de junho, em Curitiba, com presença de delegações de sindicatos parnanguaras. O evento deve consolidar novas estratégias de enfrentamento ao desmonte de direitos trabalhistas e fortalecer o vínculo entre sindicatos de base e centrais sindicais.