As centrais sindicais estão unificadas no propósito de realizar uma vigorosa manifestação nacional pela redução das taxas de juros no próximo dia 30, uma terça-feira, com atos em todos os estados e cidades em que o Banco Central possui agências.
Na opinião do presidente da CTB, Adilson Araújo, “trata-se de uma luta central para o movimento sindical e a classe trabalhadora. As altas taxas de juros reais praticadas em nosso país deprime o consumo e os investimentos, impacta de forma negativa o orçamento público e constituem, por tudo isto, um grande obstáculo ao crescimento da economia, redução do desemprego, combate à pobreza e elevação do bem estar social.”
“O conjunto das lideranças e da militância da nossa Central classista deve empenhar todos os esforços no sentido de conscientizar e envolver os trabalhadores e trabalhadoras de suas bases nesta mobilização para viabilizar o êxito da manifestação nacional”, acrescentou.
Mais que saúde, educação e assistência social
No ano passado, segundo informações do Ministério do Planejamento e do Banco Central, as despesas do governo federal com juros superaram os gastos somados dos Ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento e Assistência Social — responsável pelo Bolsa Família.
Segundo informações oficiais, as despesas pagas pelo Ministério da Saúde somaram R$ 170,26 bilhões em 2023, enquanto aquelas dos Ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social, respectivamente, totalizaram R$ 142,57 bilhões e R$ 265,291 bilhões. Um total de R$ 578,13 bilhões.
Já o pagamento de juros da dívida pública do Governo Central somaram R$ 614,55 bilhões no mesmo ano, com avanço significativo em relação a 2022, quando os juros subtraíram R$ 503 bilhões do orçamento da União.
Banqueiros e investidores estrangeiros
Assinale-se que os juros são a forma dos lucros abocanhados por um seleto e reduzido número de rentistas improdutivos que não adicionam um centavo de valor ao PIB brasileiro, mas extraem parte substancial das riquezas produzidas pelo povo trabalhador.
Em contraste, os investimentos em saúde, educação e assistência social beneficiam mais de uma centena de milhões de brasileiros e brasileiras que dependem dos serviços públicos para sobreviver, se educar e cuidar da saúde. Sete em cada 10 brasileiros, o que significa mais de 150 milhões de pessoas, dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) para tratamento, de acordo com estatísticas do IBGE.
Os que se regateiam com os juros absurdos pagos pelo governo são poucos super ricaços privilegiados, mas concentram grande poder econômico e, consequentemente, político.
Os principais beneficiários da dívida interna são os bancos (nacionais e estrangeiros) e investidores estrangeiros, que junto com as seguradoras (que também pertencem principalmente aos grandes bancos) detêm 62% do estoque da dívida.
Entrave ao crescimento
No entendimento unânime dos dirigentes das centrais a interrupção do processo de redução da taxa Selic e sua manutenção em 10,5%, configurando o 2º maior juro real do mundo, é um entrave para o setor produtivo, para a geração de empregos decentes e para o consumo.
A alta taxa só beneficia a especulação e o rentismo. Ela restringe o potencial de crescimento do país e diminui a capacidade de investimentos em serviços públicos essenciais como educação, saúde e infraestrutura, uma vez que obriga o governo a pagar mais juros pela dívida pública.
Como resultado, milhares de obras estão paradas e metade da população em condições de trabalhar está na informalidade, sem direitos e sem aposentadoria. Enquanto isso, os banqueiros lucraram R$ 26 bilhões em um único trimestre.
Para as centrais, baixar os juros é fundamental para a retomada do crescimento sustentável, com inclusão do povo trabalhador na economia para além da mera subsistência. A taxa de juros mais baixa proporciona crédito mais acessível para pessoas e empresas; incentiva o consumo; previne a inadimplência e incrementa investimentos em pequenas e médias empresas, entre outros.
A orientação do atual presidente do Banco Central, Campos Neto, herança do desgoverno Bolsonaro, vai no sentido inverso, de manter a taxa de juros alta em benefício dos rentistas.
É preciso intensificar a mobilização e a pressão popular para reverter este processo e viabilizar uma redução substancial não só da taxa básica de juros (Selic) como igualmente dos spreads bancários, do cartão rotativo e do crédito atribuído aos consumidores e empresas.
Por isto, as centrais estão redobrando os esforços para garantir o sucesso da manifestação nacional convocada para 30 de julho.
Em São Paulo, concentração terá início às 10 horas diante do Banco Central na Avenida Paulista