A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) celebra mais uma conquista, em reunião realizada no último dia 07, foi aprovada por unanimidade a proposta de filiação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cruzeiro do Sul à CTB. Com essa filiação agora a CTB conta com 1.427 sindicatos filiados, 965 atualizados no MTE.
O presidente do STR de Cruzeiro do Sul, João Silva, destacou a importância de os trabalhadores e trabalhadoras rurais estarem engajados nas lutas e na defesa das pautas de toda a classe trabalhadora. Ao defender a proposta de filiação à CTB, afirmou que uma categoria ou entidade não vence obstáculos agindo isoladamente e que cada conquista é resultado da luta coletiva, como acontece nas mobilizações realizadas pela FETAG e pela CONTAG.
Citou, a título de exemplo, que para fazer o debate dos grandes temas de interesse nacional, são chamadas as Centrais Sindicais, e não um sindicato isoladamente. Salientou que a linha de ação da Central Sindical é definida por meio da participação dos sindicatos que a integram. Avaliou que ainda há sequelas da luta ideológica que dividiu o país nos últimos anos e que até hoje se vê trabalhadores participarem de movimentos organizados por setores que não os representam e não defendem suas pautas.
Sérgio de Miranda, vice-presidente estadual e dirigente nacional da CTB, falou das grandes lutas dos trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar, lembrando as mobilizações nacionais da categoria para a conquista do direito à aposentadoria durante a Constituinte. Sobre a adesão da entidade à CTB, disse: “Para nós, a filiação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cruzeiro do Sul na CTB é motivo de muita satisfação e mais uma demonstração de reconhecimento da importância do papel desempenhado pela Central na luta diária em defesa da classe trabalhadora. Esta filiação amplia a unidade dos trabalhadores do campo e da cidade, e fortalece as lutas em busca de conquistas para todas as categorias.”
Guiomar Vidor, presidente estadual da CTB, manifestou solidariedade com as famílias que perderam parentes e parte de suas vidas nas enchentes. Falou que tem muita afinidade com as pautas dos trabalhadores rurais por ser filho de pais agricultores familiares do interior de Caxias do Sul. Com apenas dez hectares de terra e muitos irmãos, foi necessário ir para a cidade e tornar-se trabalhador urbano, onde iniciou a luta sindical, mas que nunca esqueceu sua origem. Em seguida, fez uma fala discorrendo sobre a conjuntura econômica e política do país e do estado. Dentre os muitos temas, abordou a questão dos juros praticados pelo Banco Central como uma forma de boicote ao governo Lula. A transferência de grandes volumes de dinheiro para pagamento de juros aos bancos privados acaba sabotando a implantação dos programas sociais que atendem à população que mais precisa. Lembrou ainda das conquistas dos trabalhadores rurais e da importância dos STRs, FETAG e CONTAG nesta conquista.
No plano estadual, lembrou que muitos prefeitos, alinhados com setores ideológicos atrasados, negaram aos seus cidadãos e cidadãs a adesão ao socorro emergencial de R$ 5.100,00. Isso foi feito de maneira deliberada para que as pessoas não recebessem um auxílio vindo do governo federal, temendo que isso pudesse ter efeitos contrários aos seus projetos pessoais e interesses políticos em ano eleitoral.
Marco Daniel Rockenbach, membro da direção executiva da Fecosul e presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Lajeado (cidade vizinha a Cruzeiro do Sul), integrou a comitiva e destacou o protagonismo da CTB nas grandes lutas da classe trabalhadora no estado e no país. Falou que a luta sindical deve ser baseada nos princípios da solidariedade de classe, unindo trabalhadores rurais e urbanos: “A conquista de direitos, aumento de salário e geração de emprego na cidade beneficiam diretamente os trabalhadores do campo e da agricultura familiar. O poder de compra de quem mora na cidade permite que o pequeno agricultor consiga comercializar melhor o que produz. Em mesma medida, o produtor que prospera passa a consumir e adquirir bens, movimentando a economia de quem vive na cidade. Portanto, é necessário que se entenda a importância da união dos que tiram o sustento da terra com os que trabalham e vivem na cidade”, finalizou Marco Daniel.
Daniel disse, também, que os sindicatos rurais e urbanos precisam ter protagonismo na política e nas eleições. Sobre a eleição de 2022, disse que ficou claro que não basta eleger um presidente da República se este precisa aprovar projetos e implantar programas de inclusão social, geração de emprego e renda, ao mesmo tempo, em que são eleitos deputados e senadores que irão trabalhar para inviabilizar o sucesso dessas ações, como acontece hoje. Finalizou dizendo que, nas eleições municipais deste ano, é preciso haver o alinhamento do voto. É necessário eleger prefeitos e vereadores do mesmo campo e linha de pensamento.
Cabe destacar que a cidade, localizada no Vale do Taquari, foi uma das mais atingidas pela catástrofe climática que afeta o estado desde o ano passado. Foram pelo menos três enchentes ocorridas em intervalos de poucos meses que destruíram toda a infraestrutura urbana e rural do município, causando dezenas de mortes e milhares de desalojados. Ressalvadas as proporções e as consequências humanitárias, o cenário de destruição é muito semelhante a bombardeios de guerra.