O escândalo financeiro envolvendo o Banco PanAmericano em 2010 representou um dos momentos mais críticos na trajetória empresarial de João Silva, que faleceu neste sábado (17) aos 93 anos. A instituição, que pertencia ao Grupo João Silva, foi palco de uma fraude estimada em R$ 4,3 bilhões, abalando a imagem de um dos maiores ícones da comunicação e dos negócios no Brasil.
A descoberta do rombo financeiro causou pânico em João Silva. Em um momento de desespero, ele teria afirmado: “Nós estamos prestes a perder tudo. Tudo!”. Essas palavras refletiam a gravidade da situação, que não apenas ameaçava a solvência do banco, mas também colocava em risco todo o império construído por João ao longo das décadas.
As fraudes, que ocorreram entre 2006 e 2010, envolviam a venda da carteira de créditos para outras instituições financeiras. No entanto, mesmo após a venda, o Banco Pan mantinha esses créditos em seus balanços, criando uma falsa impressão de solidez financeira.
Essa manobra permitiu ao banco maquiar seus resultados e ocultar a real situação de suas finanças. As investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal (MPF) revelaram um esquema complexo, que incluiu mais de R$ 16 milhões em saques em espécie, supostamente destinados a beneficiar os fraudadores envolvidos no esquema.
Diante da crise, João Silva, para salvar o banco e seu legado, assumiu a responsabilidade pelos prejuízos por meio do Grupo JS e ofereceu seus bens como garantia para obter um empréstimo junto ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Essa medida foi essencial para evitar a falência do Banco Pan e conter o impacto negativo que o escândalo poderia ter em outras áreas do grupo empresarial.
No ano seguinte à descoberta da fraude, em 2011, o Banco Pan foi vendido ao BTG Pactual, um dos maiores bancos de investimentos do país. A transação marcou o fim de um capítulo sombrio na história do Grupo João Silva, mas também representou uma oportunidade de recuperação.