A presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o presidente dos EUA, Donald Trump

Enquanto a presidente do México, Claudia Sheinbaum, rejeita com firmeza a entrada de tropas americanas em seu território, o Brasil recebe um emissário do governo Trump para discutir o combate ao narcotráfico e ao crime organizado. A diferença nas posturas chama atenção e levanta questionamentos sobre a política externa brasileira frente à influência dos Estados Unidos.

Durante um evento público em Texcoco no último sábado (3), Sheinbaum confirmou que Donald Trump lhe ofereceu o envio de militares dos EUA para enfrentar os cartéis de drogas. A resposta foi direta: Território é inviolável. Soberania é inviolável. Soberania não está à venda. Soberania é valorizada e defendida. Não é necessário; podemos colaborar, podemos trabalhar juntos, mas vocês no seu território e nós no nosso”.

Segundo a mexicana, a colaboração entre países pode ocorrer por meio do intercâmbio de informações, mas sem abrir mão da autonomia nacional. “Jamais aceitaremos a presença dos militares americanos em nosso território”, declarou.

Em contraste, o governo brasileiro recebeu nesta segunda-feira (6) David Gamble, chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado do governo Trump. Oficialmente, a visita tem como objetivo reuniões bilaterais sobre segurança regional e combate a organizações criminosas transnacionais, mas a presença de Gamble foi cercada de polêmicas.

David Gamble

O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que fugiu para os EUA em março, afirmou nas redes sociais que o emissário de Trump teria vindo ao Brasil para articular sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. A embaixada americana, porém, desmentiu a versão. Em nota, informou que a agenda se limita a temas como terrorismo, tráfico de drogas e cooperação internacional no enfrentamento ao crime.

A aproximação entre o governo Trump e aliados de Bolsonaro ocorre em meio a investigações que atingem o ex-presidente. A tentativa de Eduardo Bolsonaro de atribuir à visita um caráter político-jurídico contra Moraes expôs um uso indevido da diplomacia americana como instrumento de disputa interna.

Enquanto Sheinbaum reafirma a inviolabilidade do território mexicano, o Brasil parece disposto a flexibilizar sua soberania em nome de acordos que ainda não estão claros para a opinião pública. A diferença de tom evidencia o caminho que cada país escolhe seguir diante da pressão externa.

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Last Update: 05/05/2025