
O agronegócio, principal base de apoio político do bolsonarismo, foi o setor mais afetado pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros.
Enquanto áreas como mineração, aviação e petróleo foram poupadas, itens essenciais da pauta agrícola brasileira, como carne bovina e café, ficaram de fora da lista de exceções. Em 2024, o agro respondeu por cerca de 30% das exportações do Brasil para os EUA, movimentando US$ 12,1 bilhões.
Segundo dados oficiais, somente nos seis primeiros meses de 2025, o Brasil exportou US$ 1,17 bilhão em café em grão e US$ 1,03 bilhão em carne bovina aos Estados Unidos.
A dependência é ainda maior na carne bovina industrializada, que teve 65% das vendas externas concentradas no mercado estadunidense. Agora, com a imposição das tarifas, o setor projeta perdas expressivas e busca medidas emergenciais junto ao governo federal para mitigar os impactos.
Entidades como a Abag, Abiec e Abic defendem a continuidade das negociações para tentar incluir mais itens nas exceções antes da vigência das tarifas, prevista para 6 de agosto. Empresas como a Marfrig já anunciaram a suspensão de operações voltadas ao mercado estadunidense. A indústria do pescado, que depende em 70% das exportações para os EUA, pediu ao governo federal uma linha emergencial de crédito de R$ 900 milhões.
A contradição é evidente: os produtores rurais que apoiam politicamente a família Bolsonaro estão entre os mais prejudicados por uma decisão tomada pelo presidente Donald Trump, aliado político do clã.
A própria bancada ruralista, que sempre endossou o bolsonarismo no Congresso, agora enfrenta as consequências de uma política externa que prioriza interesses pessoais e ideológicos, sem considerar os impactos econômicos para seus próprios eleitores.