Os servidores municipais de Guarulhos, na Grande São Paulo, completaram cinco dias de greve com forte mobilização contra a proposta rebaixada do prefeito Guti (ex-PSD, agora no PL), que ofereceu apenas 2% de reajuste salarial. A proposta foi rejeitada em assembleia realizada no último dia 12 de maio, em frente à sede da Prefeitura. A categoria decidiu, por unanimidade, pela continuidade da greve.
Após a assembleia, os trabalhadores organizaram uma passeata pelas ruas do centro da cidade, denunciando o arrocho salarial imposto pelo governo municipal e exigindo um reajuste digno: 8% nos salários, 20% nos auxílios alimentação e refeição, além da instituição de um piso mínimo para os servidores operacionais, que são os mais atacados.
A resposta do prefeito foi recorrer à Justiça para tentar reprimir o movimento grevista. O governo municipal acionou o Judiciário com a exigência de manter 70% do efetivo em cada setor essencial, uma tentativa clara de esvaziar a mobilização e pressionar os trabalhadores. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Guarulhos (STAP) denunciou que o prefeito sequer negociou de forma transparente e já enviou um projeto de lei com os reajustes para a Câmara Municipal — ignorando o processo de negociação e atropelando a vontade da categoria.
Segundo o sindicato, a prefeitura vem empurrando a negociação desde janeiro, sem apresentar propostas que reponham minimamente as perdas salariais acumuladas nos últimos anos. A oferta de 2% no salário e 5% nos vales, além de ridícula, representa uma afronta aos servidores que amargaram congelamentos e ataques sistemáticos desde o governo anterior.
A greve, que atinge setores como educação, saúde, segurança patrimonial, serviços gerais e administração, expõe mais uma vez o projeto de destruição do serviço público tocado por prefeitos alinhados à política neoliberal. Em Guarulhos, uma das maiores cidades do País, a máquina administrativa tenta impor arrocho aos servidores enquanto garante privilégios ao alto escalão e mantém contratos milionários com empresas privadas.
A próxima rodada de negociação foi marcada para o dia 19 de maio. A categoria e o sindicato já indicaram que, sem avanço real nas propostas, a greve continuará e pode se ampliar ainda mais nos próximos dias. Só a disposição de luta dos trabalhadores é o que pode barrar a política de desmonte e abrir caminho para conquistas reais.
Mais do que uma luta por porcentagens, o movimento em Guarulhos é parte da resistência contra a política de ataques ao funcionalismo público em todo o País. É preciso ampliar a mobilização e a solidariedade entre as categorias para enfrentar a política de arrocho salarial que domina prefeituras, governos estaduais e o próprio governo federal.