Mais um país da Europa vive movimentação que se assemelha a outras já ocorridas no continente, com características acentuadamente golpistas, conduzidas por forças contrárias aos governos que fazem oposição ao imperialismo. Estamos nos referindo à Sérvia, país que compunha a antiga Iugoslávia, nação que foi liquidada e esquartejada pela ação criminosa do imperialismo na década de 1990 do século passado. 

Desde a última semana, o país convive com massivas mobilizações protagonizadas sobretudo por estudantes, que, depois de percorrem diversas outras cidades, vilas e povoados, marcham em direção à capital, Belgrado, onde um grande ato de protesto ocorreu no dia 15 de março, sábado, diante do parlamento sérvio.

Os protestos começaram a ser impulsionados no início de novembro do ano passado, quando a queda de uma cobertura em uma estação de trem na cidade de Nov Sad ceifou a vida de 15 pessoas. Ou seja, um protesto popular contra um fato menor (embora grave, pois com óbitos) se transformou em uma mobilização política de amplitude nacional contra o governo do presidente Aleksandar Vucic. Vale destacar que esse é o modelo de movimento que orientou todas as mobilizações impulsionadas pelo imperialismo no último período e que culminou – em vários casos – com a derrubada de governos populares não diretamente alinhados ao imperialismo nos quatro cantos do planeta

Outro aspecto que reforça o caráter direitista-golpista das manifestações que estão em curso na Sérvia está no fato de que o atual governo sérvio vem apoiando a Rússia em suas ações recentes mais decisivas. Russos e sérvios são de origem eslava, portanto irmãos de sangue. 

Quando a Rússia decidiu por desencadear a operação militar especial na Ucrânia, em fevereiro de 2022, os sérvios foram os primeiros a saudar a decisão russa de ocupar a Ucrânia. Na ocasião, milhares de cidadãos sérvios saíram às ruas com bandeiras russas, cartazes com o símbolo pró-guerra “Z” e retratos enormes do presidente russo, Vladimir Putin.

Ainda sobre o modelo comum a todos esses movimentos, é fácil perceber  as palavras de ordem estampadas em cartazes e que guiam os protestos. Na Sérvia não é diferente. Milhares de cartazes e faixas com as inscrições “abaixo a corrupção, respeito ao estado de direito, por instituições funcionais e justiça” dominam amplamente o cenário das manifestações. São as mesmas “reivindicações” que aparecem em todos os movimentos da década passada e que tiveram lugar em diversos países, incluindo o Brasil, onde em 2015 e 2016, manifestações convocadas pela direita e a imprensa golpista (que contou inclusive com apoio de setores da esquerda nacional) serviram de cobertura para o impeachment fraudulento da ex-presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores. 

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Last Update: 16/03/2025