Todo escritor, jornalista, poeta, redator, tem sempre a vontade de fazer um título ou uma frase que pode oscilar entre o imbecil ou o genial. Normalmente, sai um título imbecil. Nesse caso, se você estiver lendo o título acima, foi por obra de um cochilo da editora. Ou pior, foi vingança mesmo.
A notícia é a seguinte: uma empresa de São Paulo, a Equipa Group, criou um projeto chamado Tran$forma. A ideia é muito divertida. Foi feito um convênio com a Casa da Moeda e os restos de materiais destinados à produção de cédulas agora são transformados em móveis. Você pode nesse instante sentar-se sobre notas imprestáveis de reais.
Desde 2019 a Equipa Group, localizada na Grande São Paulo, tem contrato com a Casa da Moeda. Anualmente são descartadas cerca de 200 toneladas de resíduos. São impressões defeituosas, que são picotadas. Nunca entraram em circulação e nem há como tentar fazer nada com os resíduos. É aí que entra o projeto Tran$forma. Os resíduos, que além de celulose possuem fibras de algodão, são mais resistentes que o papel, e o resultado é, no mínimo, curioso.
A produção inclui cadeiras, pufes e outros itens de mobiliários de preços muito variados. Alguns cabem perfeitamente no bolso, como cadeiras de 200 reais. Outros custam 30 vezes mais do que isso, o que pode significar que o dinheiro, como dizem, não vale mais nada. Mas a cadeia, bem, parece estar bem valorizada.
Sinteticamente, a Casa da Moeda é uma gráfica com altíssima qualidade com produção exclusiva de papel-moeda e moedas metálicas, além da impressão de selos postais e fiscais federais, bem como títulos da dívida pública federal. E, apesar da virtualização da economia em 2022, de acordo com seu relatório anual, foram impressas 2,181 bilhão de cédulas e produzidas 990,1 milhões de moedas. A Casa da Moeda tem capacidade para imprimir anualmente 2,6 bilhões de notas e 4 bilhões de moedas.
Se você não sabe exatamente o que significa essa quantidade de dinheiro, basta lembrar que ela é suficiente para fazer sucesso em todo mundo. A série La Casa de Papel, espanhola, fala de dois assaltos, um na Casa da Moeda Real da Espanha e um no Banco Central do mesmo país. O plano era produzir 2,4 bilhões de euros. Se a impressão fosse fato e o plano flagrado ao final, provavelmente, mobiliaríamos Madri inteira.
Com que roupa eu vou?
As desigualdades do país são vistas em casa esquina. Enquanto o Brazil anda de carro importado, o Brasil está no ponto de ônibus. Mas apesar disso, pela quantidade de pessoas, o Brazil depende do Brasil. Um exemplo disso é o mercado de vestuário confeccionado que movimentou 163,9 bilhões de reais em 2024, com variação positiva de 8,9% em relação a 2023,
É um mercado dominado pelos consumidores da classe B, que movimentou 64 bilhões no ano passado, o que equivale a 39,1% do total de vestuário. Em seguida temos a classe C, com movimentação de 62,7 bilhões de reais, ou 38,2% do total de vestuário. Já as classes D/E foram responsáveis por 11,6% (R$ 19 bilhões) e, por último, a classe A com seus 11,1% ou 18,2 bi.
Mas, segundo Marcos Pazzini, CEO do IPC Target, o que impressiona é a desigualdade. “O valor per capita médio em 2024 com vestuário foi de 771 reais. No topo da pirâmide, a classe A teve um consumo médio de 3.089,42, mais que o quádruplo da média nacional. A classe C teve um desembolso médio anual de R$ 622,23 e as D/E com apenas 315,67. A diferença entre os mais pobres e os mais ricos é de dez vezes. Essa desigualdade veste o país todo”, afirma Pazzini