Foto: REPRODUÇÃO/YOUTUBE/IINSIDER EDITION

Parece até piada, mas não é.
O senador estadual do Mississippi, nos EUA, Bradford Blackmon apresentou na última segunda-feira (20) um projeto de lei para proibir atividades sexuais a homens que não tivessem a “intenção de fertilizar um embrião”. De acordo com o texto, masturbação e sexo sem o objetivo de fertilização seriam considerados atos ilegais.

Superficialmente, poderíamos considerar essa uma proposta ridícula, impossível de ser efetivada: como fiscalizar a masturbação? Ou poderiamos normalizar como uma proposta irônica, pra responsabilizar os homens quanto à concepção. Mas, na prática, se fosse aprovado, esse projeto representaria a criminalização da homossexualidade.

Junho, a cada ano, é o mês do orgulho LGBT por uma razão: a revolta de Stonewall, em 28/06/1969, em NYC. Nessa mesma data, em quase todos os estados dos EUA era crime a homossexualidade (exceto Illinois). Na mesma época, 70% da humanidade vivia em países em que a homossexualidade era crime.

A história não tem curso certo, ela é do tamanho das lutas e conquistas dos povos subalternizados, explorados e oprimidos. Sempre é possível retrocessos imensos. Nesse momento de ascensão fascista, nenhuma conquista está realmente garantida e nenhum retrocesso está descartado, como o retorno de leis, em países considerados “esclarecidos”, da criminalização da homossexualidade.

É terrível. Mas é a vida como ela é. E só a unidade e a luta poderão impedir que nossos direitos sejam destruídos, bem como nossas vidas.

Pode-se argumentar que esse projeto não será aprovado e que, mesmo se fosse, seria uma proposto lá nos EUA. Mas, uma coisa que aprendemos é que eles avançam testando limites, ampliando as fronteiras entre nós e a barbarie, normalizando o absurdo. E têm conseguido.

Não duvido nada que logo projetos como esse comecem a tramitar aqui também no Brasil, sendo assumidos, de alguma forma, pela extrema direita. E, até que sejam aprovados, o ambiente para nossa comunidade vai se tornando cada vez mais hostil.

Mesmo que fosse uma medida política irônica, voltada para trazer responsabilidade aos homens sobre a questão da concepção, em meio a medidas de criminalização do aborto, a proposta do Senador é infeliz. Práticas sanitárias conservadoras não fazem mais que jogar água no moinho da extrema direita, dialogando no mesmo terreno, fortalecendo discursos absurdos e sem qualquer lastro na ciência.

Precisamos resistir. Não subestimar os inimigos. Nos unificar. E ir pra luta, não apenas nas redes, mas nas ruas, nas praças, nas periferias e centros. É urgente.

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Last Update: 23/01/2025