Senado promove maior desmonte do licenciamento ambiental no país

O plenário do Senado aprovou, na noite desta quarta-feira (21), o projeto da Lei Geral do Licenciamento Ambiental (PL 2159/2021), considerado o maior desmonte das regras do licenciamento ambiental no país.

Dessa forma, o projeto permite licenciamento automático por adesão e compromisso ou autodeclaração do empreendedor, desde que não haja alto impacto ambiental.

O texto altera as regras para o licenciamento ambiental de empreendimentos como hidrelétricas, estradas e barragens de rejeitos.

Em nota, o Observatório do Clima diz que os senadores criaram a modalidade Licença Ambiental Especial (LAE), uma nova modalidade direcionada a empreendimentos considerados “estratégicos”.

Na avaliação da entidade, esse tipo de licença vai “desestruturar todo o processo de licenciamento ambiental por submeter a sistemática de análise por pressão e interesses puramente políticos, inclusive com prejuízo aos empreendedores que entraram com pedido de licenciamento antes”.

Leia mais: Câmara conclui votação e fim do licenciamento ambiental vai ao Senado

“É uma medida contrária aos princípios da administração pública, como o da impessoalidade, moralidade e eficiência”, diz a organização que vê o projeto passível de ter a sua constitucionalidade questionada.

O projeto, diz o Observatório, promove a dispensa de licenciamento ambiental para várias atividades agropecuárias. Passa a ser regra para a maioria dos casos o simples preenchimento de um formulário autodeclaratório.

“Ao permitir que estados e municípios definam livremente o que será ou não licenciado, sem critérios nacionais mínimos, o projeto promove fragmentação normativa e insegurança jurídica, além de causar um problema federativo”, considerou o senador Fabiano Contarato (PT-ES), presidente da Comissão do Meio Ambiente.

Além disso, o senador diz que o projeto afronta o artigo 24 da Constituição, que prevê a competência da União para legislar normas gerais sobre meio ambiente.

Retorno à Câmara

“O Senado, liderado por David Alcolumbre, cravou a implosão do licenciamento ambiental no país. O texto ainda irá à Câmara dos Deputados, mas no retorno à Casa iniciadora muito pouco pode ser feito para corrigir os seus inúmeros problemas e inconstitucionalidades”, considerou a coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo.

Para ela, o licenciamento se transformará, na maioria dos processos, num apertar de botão, sem estudo ambiental e sem avaliação de impactos ambientais.

“Dentre os diversos problemas do texto aprovado no Senado, o jabuti [jargão legislativo para emenda inserida sem relação com o tema principal] que altera a Lei da Mata Atlântica abre caminho para o desmatamento. Impacta justamente os 12% do que resta da cobertura original da Mata Atlântica, responsável por serviços ambientais essenciais, como a segurança hídrica, climática, a biodiversidade e o bem-estar da população. É uma distorção sem precedentes que leva o Brasil na contramão do Acordo de Paris e potencializa tragédias climáticas”, disse a diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.

Artigo Anterior

Davi Alcolumbre define prazo para acordo sobre CPI do INSS

Próximo Artigo

Ameaça de bomba mobiliza policiais em frente a ministério, em Brasília

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!