Em meio a bombardeios diários, milhares de mortos e denúncias de crimes de guerra em Gaza, o Senado brasileiro decidiu aprovar, nesta terça-feira (20), a criação do “Dia da Amizade Brasil-Israel”, a ser celebrado anualmente em 12 de abril. O Projeto de Lei 5.636/2019, que agora segue para sanção presidencial, foi aprovado com parecer favorável da Comissão de Educação, sob relatoria do senador Carlos Viana (Podemos-MG).
A justificativa oficial resgata um decreto de 1951 que criou a representação diplomática do Brasil em Israel, três anos após a fundação do Estado israelense. A proposta original é de 2013, durante o governo Dilma Rousseff, e foi aprovada pela Câmara dos Deputados em 2019. O Ministério das Relações Exteriores diz que a medida reconhece uma “sólida relação bilateral” entre os dois países, sustentada por vínculos econômicos e culturais.
Durante a votação, Viana defendeu que o momento atual — marcado por uma ofensiva militar israelense que já causou mais de 35 mil mortes em Gaza, segundo autoridades palestinas — não deveria impedir a celebração. “O mais importante aqui é reafirmarmos o nosso apoio a toda a comunidade judaica, aos mais de 100 mil judeus que vivem no Brasil, à nossa diversidade e o nosso respeito a todas as crenças. E dizer, como cristãos, o tanto que nós desejamos que Israel tenha paz”, afirmou o senador.
A aprovação do projeto acontece em um dos momentos mais delicados da história recente do Oriente Médio, em que grande parte da comunidade internacional, incluindo o Tribunal Penal Internacional, discute acusações de genocídio contra o governo de Israel. Ainda assim, o Senado escolheu transformar o dia 12 de abril em homenagem oficial, ignorando o impacto simbólico e diplomático que essa decisão pode ter diante da tragédia humanitária em curso.
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