Como tem acontecido em todos os últimos anos, a chegada da Champions League à fase decisiva vem proporcionando, neste momento, jogos memoráveis.
E a semifinal desta semana alcançou níveis impressionantes, especialmente na partida entre Internazionale de Milão e Barcelona, na terça-feira 6.
Esse foi um daqueles momentos que ajudam a entender a paixão levada ao limite no futebol, com a liberação completa das emoções.
Não há outra palavra: o jogo foi épico. Aconteceu de tudo. Tratou-se de um verdadeiro espetáculo que levou os torcedores da Inter à loucura.
O começo foi alucinante. A Inter abriu 2 a 0 logo nos primeiros minutos da partida de volta, depois do empate no jogo de ida.
Parecia que o time italiano encaminhava a classificação com tranquilidade.
No entanto, o Barcelona, em plena fase de afirmação de um novo ciclo vitorioso, mostrou sua qualidade técnica e respondeu à altura, tendo empatado o jogo com atuações brilhantes dos atacantes Raphinha e Lamine Yamal, além do meia Pedri que, com categoria e discrição, comandou a articulação ofensiva dos catalães.
A intensidade não diminuiu em nenhum momento.
Quando o tempo, inimigo comum dos dois times, apertava, Raphinha apareceu de novo, virando o jogo com um chute de direita – uma perna que nem ele sabia que fazia parte do repertório.
Mas o espetáculo ainda não tinha chegado ao fim. Aos 93 minutos, veio o terceiro gol da Inter e, de novo, o empate.
O jogo foi para a prorrogação e, ao fazer 4 a 3 sobre o Barcelona, a Inter garantiu a vaga na decisão da Liga dos Campeões.
A característica dominante da partida foi o empenho absoluto das equipes.
Mesmo no fim da temporada europeia, com os jogadores no limite, vimos em campo lances de heroísmo.
Alguns protagonistas quase passaram despercebidos, tamanha a entrega coletiva.
Foi esse o caso do centroavante Marcus Thuram, peça-chave nos lances dos gols da Inter, e do já citado Pedri, pelo Barça.
No fim do espetáculo, a mídia destacou o goleiro suíço Yann Sommer como o grande nome do jogo.
Dono de uma longa trajetória esportiva, ele foi de fato fundamental para manter viva a esperança italiana até o último minuto.
Como se não bastasse o nível técnico e físico do que se via, houve um elemento extra a tornar tudo mais dramático: a chuva, que deixou o gramado encharcado.
Restou a famosa “resenha” de pós-jogo para debater o que pesou mais na vitória da Inter: a força física do elenco? A experiência de um grupo com média de idade mais alta que a do adversário? Ou a superação numa prorrogação exigente e emocionante?
O papel dos treinadores também ganhou destaque.
Do lado do Barça, houve críticas à precipitação do técnico Xavi nas substituições ao fim do tempo normal, talvez acreditando que a vitória estava garantida.
Do outro lado, Simone Inzaghi mostrou por que vem sendo elogiado desde os tempos em que era craque da Inter. A leitura de jogo e sua inteligência tática foram decisivas para o resultado.
No fim, sobrou herói para contar história entre os nerazzurri – apelido da equipe da Internazionale de Milão.
O zagueiro Francesco Acerbi, o mais recuado da equipe, apareceu no ataque nos acréscimos para marcar o gol do empate e levar o jogo à prorrogação. Ganhou o direito de sonhar com uma estátua no estádio.
E teve ainda o acesso de loucura de Davide Frattesi, que entrou nos minutos finais e marcou o gol da vitória.
Ele subiu no alambrado e quase se jogou na torcida. Depois confessou: “Pensei que fosse desmaiar”. Resumo da ópera: vitória do coração.
Agora, imagine o lado oposto. Um time jovem, talentoso, que tinha o jogo nas mãos e viu tudo escapar. A desolação é total. Mas o futuro está aberto: cabe ao elenco do Barcelona transformar essa dor em amadurecimento e consolidar um grupo promissor.
E isso foi só a semifinal.
Na quarta-feira 7, na outra partida da seminal, o PSG fez 3 a 1 em cima do Arsenal, definindo assim a final, marcada para o dia 31 de maio, em Munique, na Alemanha. •
Publicado na edição n° 1361 de CartaCapital, em 14 de maio de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Semifinal espetacular’