
Neste sábado (13), o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou nas redes sociais a imagem de uma mão tatuada com símbolos atribuídos à gangue MS-13. Segundo ele, a mão pertenceria a Kilmar Abrego Garcia, cidadão salvadorenho deportado por um “erro administrativo”. No entanto, não há evidências concretas de que a imagem seja, de fato, de Garcia.
A publicação ocorreu no mesmo dia em que a Suprema Corte dos EUA suspendeu a deportação de um grupo de venezuelanos detidos no Texas sob suspeita de envolvimento com o narcotráfico. A decisão, motivada por um recurso emergencial de defensores de direitos humanos, vai de encontro à estratégia adotada pelo governo Trump, que tem invocado a Lei do Inimigo Estrangeiro, de 1798, para acelerar a expulsão de imigrantes, muitas vezes sem garantir o direito à ampla defesa.
Trump afirmou que Garcia possui tatuagens com as iniciais “MS-13” nos dedos e um histórico de violência doméstica. No entanto, decisões judiciais anteriores apontaram falta de provas para mantê-lo preso. Mesmo reconhecendo o erro na deportação, a Casa Branca declarou que Garcia “nunca mais” poderá retornar aos Estados Unidos — contrariando a decisão da Suprema Corte, que exige a facilitação do retorno.
Na última quinta-feira (11), o senador democrata Chris Van Hollen encontrou-se com Garcia em um hotel de San Salvador, marcando o primeiro contato do salvadorenho com alguém de fora desde que foi preso em uma penitenciária de segurança máxima, apesar de nunca ter sido condenado por nenhum crime.
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, ironizou o encontro ao divulgar imagens de Garcia com roupas casuais ao lado do senador. Nas fotos, copos com gelo que, segundo Bukele, conteriam margaritas deram origem ao apelido “Margaritagate”. Bukele afirmou ainda que, estando em boas condições de saúde, Garcia continuará sob custódia salvadorenha, sem previsão de retorno aos EUA.

O senador Chris Van Hollen negou que margaritas tenham sido servidas durante o encontro com Kilmar Garcia, esclarecendo que havia apenas água e café na mesa. Segundo ele, os copos com gelo foram colocados por funcionários do governo salvadorenho. Van Hollen classificou o episódio como um grave exemplo de abuso de poder e violação de direitos humanos, realizado sob o pretexto de segurança nacional.
A atuação dos democratas tem como objetivo chamar atenção para o caso de Garcia, que se tornou um símbolo das injustiças provocadas pela política migratória da gestão Trump. De acordo com Van Hollen, Garcia vivia legalmente em Maryland sob proteção judicial que impedia sua deportação. Sua remoção forçada, portanto, representa um precedente alarmante.
Em nova declaração, a Casa Branca reafirmou sua posição por meio da porta-voz Karoline Leavitt, afirmando que, caso Garcia volte aos Estados Unidos, será deportado novamente. Leavitt também alegou que ele tem uma denúncia de violência doméstica em aberto desde 2021.
A esposa de Garcia informou à imprensa que a medida foi apenas preventiva e resolvida em âmbito familiar, com o apoio de terapia. O advogado de Garcia, Benjamin Osorio, questionou se o governo pode desrespeitar a lei com base apenas em suspeitas sobre o passado de um cidadão.
Conheça as redes sociais do DCM:
⚪Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line