Rodrigo Constantino: “Um pulha com câncer continua sendo um pulha”

O bolsonarista Rodrigo Constantino anunciou que está com câncer em uma live feita nos Estados Unidos, onde está morando.

“Eu estou com 90% a 95% do diagnóstico já, falta só uma biópsia. Isso que eu tenho na garganta não é uma infecção. É, ao que tudo indica, câncer. Vamos usar a palavra. Tumor maligno. Câncer. A princípio, com origem na língua”, disse.

“Estou com as melhores equipes médicas num país que é conhecido pelo tratamento da doença. Vou sempre manter meu otimismo, minha fé em Deus, minha resiliência e gratidão. O que não mata, engorda e traz lições. Isso não vai me matar. Eu vou superar mais essa guerra”.

Os EUA têm o pior desempenho entre 10 nações desenvolvidas em áreas críticas de saúde, incluindo prevenção de mortes, acesso (devido ao alto custo) e garantia de tratamento de qualidade para todos, independentemente de gênero, renda ou localização geográfica, de acordo com relatório publicado pelo Commonwealth Fund, um grupo de pesquisa independente. Os americanos falecem mais jovens e experimentam as mortes mais evitáveis.

Constatino teve suas redes sociais suspensas no Brasil no âmbito do inquérito das fake news, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A investigação aponta, corretamente, que o golpista proferiu “discursos de ódio e antidemocráticos”.

Muita gente boa se solidarizou com Rodrigo Constantino. Em novembro de 2011, quando Lula foi diagnosticado com um tumor na laringe e forçado a fazer quimioterapia, ele escreveu em seu blog que “um pulha com câncer continua sendo um pulha:

E aqui cabe responder também aos que afirmam, seguindo a tradição cristã, que não devemos desejar o mal de ninguém. Odeie o pecado, mas ame o pecador! Será que isso pode ser realmente levado a sério? Ou será que há muita hipocrisia nesta postura “humanista”? Podemos fazer um teste: quantos esquerdistas sensibilizados pela doença de Lula reagiriam da mesma forma se fosse Bush o doente? Sejam sinceros, companheiros! Ou nem precisam responder: sabemos como os petistas reagiram ao comando do “chefe de quadrilha”, que mandou agredirem até fisicamente Mário Covas, que na época tinha câncer. Se fosse Sarney o doente hoje, haveria a mesma comoção nacional para defendê-lo das campanhas irônicas? Dois pesos e duas medidas. Logo se vê que este “humanismo” todo não passa de jogo de cena.

Não acho que o respeito seja algo grátis nessa vida. Acredito que devemos conquistá-lo. Alguns pensam que devemos respeitar ou até amar mesmo o ser mais abjeto do planeta. Ame o próximo como a ti mesmo. Nunca compartilhei desta máxima. Acredito que ela agride o que há de mais básico em nossa natureza. Penso que, ao suspender o julgamento e colocar todos no mesmo saco do respeito imerecido, estamos sendo injustos com as pessoas decentes. Há que se separar o joio do trigo. Isso pode não ser sinônimo de desejar o sofrimento daqueles que julgamos pessoas desprezíveis. Mas também não quer dizer que vamos nos preocupar tanto com elas. Eu não ligo para a saúde dos traficantes. Eu não ligo para a saúde de caudilhos que espalham desgraças por onde passam.

A morte costuma transformar todos em santos. Biografias são escritas refazendo a história. Surge uma aura de inocência concomitantemente ao cadáver. Nunca aceitei isso. E sei que, no fundo, ninguém aceita. É questão apenas de grau. Ou alguém vai falar bem de Hitler só porque ele morreu? A doença e o sofrimento costumam despertar o mesmo tipo de reação. Mas o cancro que se espalha pelo corpo não transforma um canalha em um homem bom. Um pulha com câncer continua sendo um pulha. Pode até ser politicamente incorreto dizer isso, mas não deixa de ser verdade. O contrário é apelar para a hipocrisia.

Voltemos à doença de Lula. Eu confesso abertamente: ela está na rabeira de minhas preocupações. Não consigo sentir pena dele, ainda que me esforce. Isso me faz alguém insensível? Não! Apenas seleciono quem é digno de minha preocupação. Antes de Lula, fico bem mais preocupado com os milhões de brasileiros decentes que sofrem com os serviços públicos caóticos, a despeito dos trilhões que governantes arrecadam e desviam para fins eleitoreiros ou corruptos. Lula, convém lembrar, representa o que há de pior em nossa política. Não satisfeito, ainda fez questão de afrontar todos os que dependem do SUS quando chamou o modelo de “quase perfeito”. Isso deveria sensibilizar as pessoas.

Não aceito ser pautado pela sensibilidade seletiva dos “humanistas” de plantão. Posso até não celebrar a doença e o sofrimento de uma pessoa, por mais que ela possa merecer certo castigo “divino” (principalmente quando o castigo das leis humanas não existe). Mas também não vou transformar uma doença, por mais trágica que possa ser, em um salvo-conduto para limpar a sujeira grudada em indivíduos que viveram uma vida praticando o mal contra inocentes, disseminando o ódio e segregando as pessoas para conquistar o poder. (…)

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Last Update: 15/12/2024